Fernanda Elaine Silva Marchori, de 39 anos, morreu há uma semana, após um carro passar em cima dela em Porto Velho. ‘Ela não merecia morrer daquele jeito’, diz cunhada.

Há uma semana a família de Fernanda Elaine Silva Marchori tenta entender a crueldade com que a mulher de 39 anos foi morta. No último domingo (20), Fernanda dormia no meio da rua quando um motorista passou com um carro por cima dela. Após atropelar a vítima, o condutor fugiu sem prestar socorro.

Nádia Cristina Batista da Silva, cunhada de Fernanda, contou que a vítima era usuária de drogas, e costumava ingerir grande quantidade de álcool.

Dias antes do acidente, Fernanda chegou a comentar com Nádia sobre morte. “Ela me disse ter sonhado que iria morrer e pediu para eu não deixar ela ser enterrada como indigente”, diz.

Ainda segundo Nádia, quando Fernanda usava droga ficava alterada. “Mas quando ela bebia, perdia a noção de espaço e tempo. Tanto ela como meu irmão ficavam (quando se drogavam e bebiam) mais de 10 dias fora de casa”, afirma.

Foi num desses períodos fora de casa que Fernanda acabou se deitando no meio da rua e dormiu ali mesmo. Mas a família não esperava que um motorista fosse matá-la de forma cruel.

Imagens de uma câmera, feitas no último domingo, mostram um carro passando por cima de Fernanda. O motorista chega a descer do veículo, olha para a vítima no asfalto, mas decide fugir sem prestar socorro.

Três dias depois do acidente, a família conseguiu fazer o reconhecimento do corpo de Fernanda. Eronilson da Costa, ao saber que a esposa havia morrido, precisou ser atendido e levado ao hospital.

“Meu irmão teve um surto aqui em casa. Começou a nos culpar pela morte da esposa, dizendo que a gente não tinha cuidado dela e começou a ficar nervoso. Foi preciso chamar a polícia, que acionou o Samu, onde o medicou e o levou ao hospital. Quando ele teve alta, eu o levei ao IML para identificação do corpo”, diz Nádia.

Falta de empatia

 

Nádia disse que soube da morte de Fernanda quando teve acesso ao vídeo do acidente, que viralizou nas redes sociais. O comportamento das pessoas, que viram a mulher deitada na rua e nada fizeram, surpreendeu Nádia negativamente.

“Como a pessoa vê um risco daquele e não faz nada? Eu, se estivesse na posição de muitos vizinhos ali, tinha puxada ela pelo menos para calçada, mesmo sem conhecer. Achei frio da parte dos moradores. Sem amor ao próximo. Ela não merecia morrer daquele jeito“, diz.

Reconhecimento do corpo no IML

 

Após reconhecer Fernanda no vídeo recebido no celular e ser medicado, Eronilson da Costa e Silva precisou ir no Instituto Médico Legal para fazer o reconhecimento do corpo da esposa.

O ritual do enterro, segundo a Nádia, foi de grande importância para família, pois segundo ela, Fernanda havia pedido isso dias antes do acidente.

“Dias antes de morrer, ela me disse que sonhou que iria morrer e pediu, pelo amor de Deus, para não deixar enterrar ela como indigente”, relembra.

 

A Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito é quem investiga o caso e apura, utilizando as imagens e ouvindo testemunhas, para identificar o condutor.