Quase 80 indígenas venezuelanos da etnia Warao vivem em Porto Velho, segundo Censo divulgado pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO) nesta segunda-feira (11). O objetivo do Censo é mapear a população que chegou na capital rondoniense a partir de 2018 e fornecer dados para futuras políticas públicas.

Segundo a Promotora de Justiça Daniela Nicolai, mesmo estando nos semáforos da capital, essa é uma população invisível e que possui barreiras para acessar políticas públicas, como a língua.

O levantamento apontou que atualmente 78 indígenas Warao vivem na cidade, divididos em 23 famílias. Mais de 56% são homens e cerca de 43% são mulheres. A família mais numerosa é composta por sete pessoas, enquanto a menor tem dois integrantes.

Os indígenas vivem em três habitações alugadas na cidade, sendo que em uma delas moram 13 famílias.

Apenas um homem possui emprego, como auxiliar de pedreiro, enquanto os demais vivem das coletas em samáforos e de benefícios sociais, como o Bolsa Família.

O MP ressalta, no entanto, a existência de diferenças culturais e explica que para essa população, se deslocar até os semáforos é visto como um trabalho, tendo uma rotina organizada com horários e pontos de coleta.

O levantamento ainda apontou casos de insegurança alimentar em todas as famílias. Culturalmente a base da alimentação desse povo indígena é formada por frango, peixe, milho e mandioca, mas o dinheiro coletado não é suficiente para aluguel, alimentação e outras necessidades básicas. Nesse cenário, todos os imigrantes estão em situação de vulnerabilidade social.

Os trabalhos do Censo foram realizados pela equipe de Ciências Sociais do Núcleo de Análises Técnicas (NAT) do MPRO, e idealizado pela Promotoria de Justiça de Cidadania e Direitos Humanos.