Em manifestação ao STF, subprocurador Carlos Frederico Santos aponta que ex-ministro se omitiu deliberadamente diante da possibilidade de os vândalos bolsonaristas invadirem as sedes dos Três Poderes. E recomenda que ele continue preso
A Procuradoria-Geral da República (PGR) recomendou, ontem, que Anderson Torres continue preso preventivamente. Isso porque, segundo o subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal tinha total ciência dos riscos das ações golpistas, em 8 de janeiro — que culminaram com a invasão dos terroristas bolsonaristas às sedes dos Três Poderes.
“Ao sair do país, mesmo ciente de que os atos ocorreriam no dia 8 de janeiro, vislumbra-se que Anderson Gustavo Torres, deliberadamente, ausentou-se do comando e coordenação das estruturas organicamente supervisionadas pela pasta que titularizava, fator que surge como preponderante para os trágicos desdobramentos dos fatos em comento”, acusa.
Segundo Carlos Frederico, Torres omitiu-se deliberadamente diante da possibilidade de uma tentativa de golpe. “Além de não atuar para impedir ou, ao menos, minimizar os danos, o investigado/requerente se colocou em posição deliberada de omissão, não podendo agora se valer disso para buscar uma isenção de responsabilidade”, afirma.
O ex-ministro está preso desde 14 de janeiro por ordem do ministro Alexandre de Moraes, devido à atuação que teria permitido atos de vandalismo contra os Três Poderes. Torres estava nos Estados Unidos quando os prédios do Congresso, do Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto foram depredados por vândalos que não aceitavam a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República.
No início deste mês, a defesa de Torres pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a revogação da prisão. Os advogados argumentaram que não há motivos que justificassem a detenção e afirmaram que ele estaria disposto a entregar o passaporte e colocar à disposição da Justiça seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.
Mas, para a PGR, a conduta de Torres demonstraram “absoluta desorganização”. “Se ausentou da responsabilidade que lhe competia, de fiscalizar o seu cumprimento e colocá-lo em prática, ao deixar o país”, escreveu.
Fonte: CorreioBraziliense