Por Mariza Tavares

Jornalista, autora dos livros “Longevidade no cotidiano: a arte de envelhecer bem” e “Menopausa: o momento de fazer as escolhas certas para o resto da sua vida”

Uma avaliação do quadro emocional pode ser uma ferramenta eficaz para medir o risco cardiovascular do paciente – é o que mostra estudo da Brown University, com a vantagem de esse mapeamento poder ser realizado por profissionais da saúde sem formação específica em psicologia. Num cenário de sofrimento psicológico, a pessoa se vê às voltas com emoções e sentimentos desagradáveis e angustiantes, capazes de afetar seu comportamento e relacionamentos, provocados por situações estressantes como experiências traumáticas, problemas de saúde, conflitos familiares, profissionais e pessoais. Os sintomas vão de cansaço a tristeza e depressão; de ansiedade a oscilações de humor, passando por medo, raiva e isolamento social. O levantamento foi publicado no começo de novembro no “Journal of Cardiopulmonary Rehabilitation and Prevention”.

Numa meta-análise de 28 estudos dos quais participaram mais de 650 mil pacientes, os pesquisadores determinaram que um quadro de angústia e sofrimento emocional, passível de ser averiguado através de questionários rápidos, estava associado a um aumento de 30% de risco de doença cardiovascular.

 

Carly Goldstein, professora de psiquiatria e comportamento humano em Brown, afirmou que os resultados apresentam uma janela de oportunidade para os médicos ajudarem os pacientes a gerenciar melhor sua saúde física e mental: “acreditamos que se trata de uma abordagem multidimensional que vai além do monitoramento padrão de medir a pressão e o nível do colesterol”. O trabalho vai ao encontro da orientação da American Heart Association para expandir a lista de indicadores de saúde e estilo de vida atrelados à saúde cardiovascular – recentemente, a qualidade do sono foi incluída como um fator de proteção.

E como uma condição de sofrimento emocional pode afetar o coração? Numa situação de grande estresse, o organismo produz hormônios como cortisol, adrenalina e noradrenalina, que potencializam o risco de hipertensão e arritmias cardíacas. Fique atento ou atenta aos sinais, promova mudanças em seu estilo de vida e busque ajuda. Como nem sempre podemos alterar o meio externo, ou seja, o ambiente que nos faz mal, a saída é mudar nossa experiência interna, construindo uma espécie de barreira que nos proteja. Como já escrevi inúmeras vezes, há técnicas de manejo do estresse como praticar meditação ou mindfulness; ficar em contato com a natureza; e abraçar a espiritualidade, laica ou religiosa.

Fonte: Bem Estar