O Entrelinhas apurou mais coisas em relação a desvio de dinheiro na ONG. Pertence à mãe da vereadora o terreno onde está o abrigo para animais. Márcia alega pagar aluguel

O Entrelinhas apurou que o escândalo envolvendo a vereadora Márcia Socorristas é muito maior do que foi noticiado pelo G1 Rondônia. Isso porque o site da Rede Globo se baseou nas informações oferecidas pela Polícia Civil, e os policiais, quando se trata de operação, revelam somente uma parte do que está sendo investigado.

No material não foi divulgado o nome da investigada, mas nem precisava. Vereadora ligada a ONG que cuida de animais só tem uma em Porto Velho: Márcia Socorristas.

Consta na matéria do G1 o uso irregular de R$ 300 mil destinado ao amparo de animais, com uso também irregular de verba pública para compra de veículos e suprimentos. Também consta que o veículo adquirido com recursos públicos estaria sendo usado para fins pessoais e que documentos falsos teriam sido inseridos na prestação de contas da ONG. A Polícia percebeu, também, que não haviam sido feitas melhorias no abrigo e que os gastos com alimentação dos animais não correspondiam ao valor usado para alimentá-los.

Isso tudo consta no G1, com informações repassadas pela Polícia Civil. Mas o Entrelinhas obteve detalhes do que estaria acontecendo. E se a equipe do blog sabe, os policiais também sabem, porque eles investigam muito melhor do que qualquer jornalista.

A equipe do blog apurou que entre os documentos falsos utilizados para supostamente desviar dinheiro da ONG estariam recibos do aluguel do terreno onde está o abrigo para animais. O terreno pertence à mãe da vereadora Márcia Socorristas, por isso o abrigo não paga aluguel.

O veículo que deveria ser usado somente pela ONG mas é utilizado por Márcia Socorristas para fins particulares é uma Toro, comprada com dinheiro de uma emenda parlamentar encaminhada pela ex-deputada federal Jaqueline Cassol. O que dizem é que o veículo é pouco usado para atender animais. Geralmente está a serviço da própria vereadora. É bom lembrar que a ONG tem recebido dinheiro público para desenvolver suas atividades. Essa é a razão da operação policial. Também é bom lembrar que não há nada de irregular no repasse do dinheiro público, e sim na forma como a ONG o utiliza.

Também existiria um esquema para desvio de dinheiro utilizando recibos falsos de compra de ração, e também um esquema falso de distribuição de ração. Isso aconteceria porque, como muita nota fria de compra de ração é usada na prestação de contas fanta, é preciso dizer que houve doação. Isso porque os animais do abrigo explodiriam se realmente comessem toda a ração que a ONG alega comprar. Não há animais suficientes para comer toda a ração que consta nas notas frias, por isso é preciso dizer que a ração fantasma é doada para gente do povo.  Por isso existiriam recibos de recebimento de ração em nome de gente que nem tem animais.

Também existem acusações de rachadinha no gabinete da vereadora. Isso mesmo. Há reclamações de que os funcionários do gabinete precisam devolver parte do salário. Quem estaria recolhendo parte desses salários seria uma mulher que não está nomeada no gabinete. Márcia Socorristas pagaria essa mulher com o dinheiro da rachadinha.

De acordo com o que apurou o blog, essa mulher telefona para os funcionários do gabinete quando eles recebem o provento e diz: “Quem vai querer? Tô indo buscar a guia de castração”. É a senha para que já deixem o percentual de salário separado, porque logo ela passará para receber.

Os esquemas vão mais além. Há também o caso do marido de uma irmã de Márcia Socorristas, que trabalha dia sim, dia não, como vigilante, mas também é nomeado em cargo público. O salário desse cargo também entraria supostamente na rachadinha.

Também há áudios espalhados, que deixariam de cabelo em pé gente que gosta de animais. A situação parece estar complicada para a vereadora. Se Márcia Socorristas quiser explicar as denúncias, o espaço está aberto para ela.