O conflito na Ucrânia fez com que a Rússia reduzisse drasticamente seu fornecimento de gás para a indústria europeia
Por AFP

Os líderes europeus iniciaram uma cúpula nesta quinta-feira (20) em Bruxelas, sob enorme pressão para preservar a unidade do bloco e encontrar uma solução consensual para a crise energética agravada pela ofensiva da Rússia na Ucrânia.

Os 27 países do bloco discutem há vários meses como lidar com o aumento exponencial das tarifas de energia, mas agora, com a aproximação do inverno boreal, enfrentam a urgência de adotar soluções concretas.

O conflito na Ucrânia fez com que a Rússia reduzisse drasticamente seu fornecimento de gás para a indústria europeia e o bloco enfrenta o desafio de chegar a um acordo sobre uma saída conjunta.

A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia (UE), chegou a sugerir a adoção de um preço máximo para todas as compras de gás, embora a ideia vá contra as objeções da Alemanha, a maior economia do grupo.

A gravidade da situação foi destacada pelo primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, que alertou que se os líderes não enviarem um “sinal político” claro sobre a crise, será “o fracasso da Europa”.

Antes do início da cúpula, Espanha, França e Portugal anunciaram um acordo para a implementação de um gasoduto que ligará Barcelona a Marselha, numa interligação da Península Ibérica com o resto do bloco através da França.

Os três governos apontaram que o gasoduto marítimo, nomeado BarMar, é a “opção mais direta e eficiente para ligar a Península Ibérica à Europa Central”.

Em nota conjunta, os três países acrescentaram que o gasoduto, destinado ao transporte de hidrogênio, “estará tecnicamente adaptado para o transporte de outros gases renováveis, bem como uma proporção limitada de gás natural como recurso temporário e fonte de energia transitória”.

Dada a enorme pressão, a Comissão apresentou esta semana um plano para enfrentar a crise energética com uma proposta de reforma do mercado do gás e a promoção de compras conjuntas para reposição de reservas.

Um diplomata europeu comentou esta semana que “houve progresso, mas nada fundamental”.

Segundo a fonte, “a Alemanha decidiu priorizar a segurança do abastecimento, porque pode pagar altos preços, mas muitos outros países não podem arcar com esses custos”.

Chegando à cúpula, o chefe do governo alemão, Olaf Scholz, disse que se trata de discutir “como podemos garantir a segurança energética da Europa”.

Por sua vez, o chefe do governo austríaco, Karl Nehammer, afirmou que “uma parte importante da discussão será sobre a segurança energética da Europa, mas o mais importante é como podemos reduzir os preços”.

Sanna Marin, primeira-ministra da Finlândia, observou que as principais diferenças estão na “formação do preço da energia, já que há Estados-membros com pontos de vista diferentes, e devemos trabalhar juntos para que o preço da energia caia”.

O primeiro-ministro estoniano, Kaja Kallas, observou que “os altos preços são um problema para todos nós. E temos que ter soluções conjuntas”. Por isso, ressaltou, seu governo apoia opções que impeçam os países europeus de competirem entre si.

Na carta de convite aos dirigentes nacionais, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, manifestou a sua confiança de que, “apesar das diferentes limitações nacionais”, o debate energético será abordado “de forma construtiva”.

“O eixo da nossa agenda é a crise energética, sobre a qual devemos agir com a máxima urgência”, acrescentou.