Para especialistas, é essencial que o novo governo enfrente as sequelas provocadas pela pandemia de covid-19. Seminário do Correio, marcado para esta quinta-feira no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, debaterá os desafios do país
“O novo governo terá de levar em consideração as sequelas pedagógicas deixadas pelo afastamento dos estudantes das salas de aula”, diz Celso Niskier, presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), que participará, nesta quinta-feira, do seminário “Desafios 2023, o Brasil que queremos”, promovido pelo Correio.
Diante desse quadro desafiador, o presidente da ABMES propõe a criação de um programa nacional de recuperação da aprendizagem da educação básica. “A iniciativa pode contar com o apoio de universidades privadas e públicas, usando os estudantes dos cursos de licenciatura em conjunto com os professores da rede pública, nesse esforço nacional”, explica.
Ele lembra que as faculdades privadas reúnem quase 7 milhões de estudantes, cerca de 88% das instituições de educação superior. “Portanto, temos uma contribuição muito importante a dar nas políticas públicas no que diz respeito à inclusão de jovens carentes no ensino superior, sem o que nós não vamos atingir as metas estabelecidas no plano nacional de educação”, acrescenta o presidente da ABMES.
Para Niskier, as universidades privadas também podem contribuir para a modernização da regulação e da avaliação do sistema educacional do país, fazendo com que o setor cresça com a devida a qualidade. “É isso que nós defendemos para educação superior”, assinala. No entender dele, o próximo governo, que terá Luiz Inácio Lula da Silva à frente, terá de debater a renovação dos currículos universitários “para que possam se adequar melhor às demandas de um mercado de trabalho em constante transformação”.
Cenário nacional
A discussão ganha relevância já que os órgãos de governo estão sendo submetidos a uma drástica redução orçamentária. A educação perdeu R$ 366 milhões, o que deixou a rede federal de ensino superior impossibilitada de cumprir compromissos básicos, como o pagamento de contas de luz, água e salários de pessoal terceirizado. Reitores das universidades públicas dizem que nunca enfrentaram uma situação tão difícil, o que o atual governo atribui à necessidade de cumprir o teto de gastos, que limita o aumento de despesas à inflação do ano anterior.
Não por acaso, entre os tópicos a serem discutidos no seminário, está o equilíbrio entre a responsabilidade fiscal e a responsabilidade social, ou seja, como manter as contas públicas equilibradas e, ao mesmo tempo, atender às demandas da população. Essa é a maior preocupação do presidente eleito em função do avanço dos índices de pobreza no país.
A fim de garantir uma folga orçamentária nos próximos dois anos, a futura administração tenta aprovar, no Congresso, a PEC da Transição — com a qual terá folga de recursos para honrar promessas de campanha, como o pagamento dos R$ 600 aos beneficiários do Auxílio Brasil (cujo nome será mudado para Bolsa Família a partir do próximo ano).
O seminário promovido pelo Correio, que terá abertura com o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e participação especial do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, acontecerá das 14h às 19h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, Auditório Alvorada, com transmissão ao vivo pelo site e pelas redes sociais do jornal.
Fonte: Correio Braziliense