Nos primeiros mandatos de Lula e no primeiro de Dilma, partido elegeu três presidentes da Casa e um aliado apoiado pelo Planalto
Foi-se o tempo em que Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República era garantia de facilidades para o PT e o governo no Congresso Nacional, em especial na Câmara dos Deputados. Nos dois primeiros mandatos do petista, de 2003 a 2010, e no primeiro de Dilma Rousseff, 2011 a 2014, o PT era mais poderoso e enfrentava menos resistência que as atuais.
Os tempos são outros. O toma lá dá cá tomou proporções, as verbas de emendas deram autonomia ao Congresso em relação ao Executivo, o Centrão segue ávido por cargos e está mais capitalizado e, neste momento, o governo enfrenta um presidente da Câmara que bateu o recorde de votação. Lira alcançou 464 votos no primeiro turno, a maior da história, e tem o controle da pauta de votações. Outro fator é que o país passou por um governo conservador e de direita, o de Jair Bolsonaro (PL), o que gerou a mais raivosa oposição ao petismo.
Polarização
Para Marco Maia, o momento do país é bem diferente daquele vivido por Lula. O ex-presidente avalia que a polarização no Brasil mudou de atores.
“Se, no passado, tínhamos uma polarização mais qualificada com a esquerda e um centro mais democrático, hoje, temos a esquerda e uma direita mais atrasadas e desqualificadas. Mas só isso não justifica o momento político e as dificuldades encontradas pelos governos para dialogar com o Congresso e suas lideranças”, disse Maia ao Correio.
O petista elenca outros fatores, como a perda da confiança de deputados e senadores e no Planalto resultou no que chamou de endurecimento das leis orçamentárias e gerou o aumento do parlamento.
“No início do segundo mandato da Dilma já existia um estresse quase que irrecuperável entre os Poderes, o que só se aprofundou nos governos que se sucederam. Eu diria que os parlamentares estão mais livres da influência desses outros Poderes e acabam buscando cada vez mais uma independência. O que não é ruim, se visto isoladamente, mas pode ser desastroso em um ambiente de pouca responsabilidade com pautas populares e sociais, onde o Centro deixa de ser a boa política e se torna apenas o debate de interesses corporativos, setoriais e não republicanos”.