Há suspeitas que advogados, jornalistas e até adversários políticos do ex-presidente tenham sido espionados pela Abin, na gestão de Alexandre Ramagem

Os alvos da operação da Polícia Federal, deflagrada na manhã desta quinta-feira (25/1), teriam utilizado o software da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e governadores de estados.

A informação foi dada inicialmente pela jornalista Daniela Lima, da GloboNews, e confirmada ao Correio por integrantes que cuidam da investigação. A reportagem ouviu dos investigadores que há suspeitas de que o software FirstMile teria espionado os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (União Brasil) e o ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana, também teriam sido espionados. Ao todo, a PF suspeita que outras 1,8 mil pessoas, entre elas jornalistas, advogados e adversários políticos do ex-presidente, tenham sido investigadas por integrantes que utilizavam a estrutura da agência para vigiar clandestinamente.

São cumpridos 21 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas de prisão, como a suspensão imediata do exercício de sete policiais federais que faziam parte da antiga estrutura da Abin. Um dos alvos da operação é o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) — chefe da pasta no governo Bolsonaro. O apartamento funcional e o gabinete dele, na Câmara, tiveram busca e apreensão.

Os outros mandados ocorreram em Brasília (16), Juiz de Fora (MG) (1), São João Del Rei (RJ) (1) e Rio de Janeiro (1). A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes.

Ele passou um breve período como assessor da Presidência e depois foi escolhido para chefiar a Abin em junho daquele ano. Na Câmara, ele é um dos vice-líderes do PL e é titular da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado e do Conselho de Ética. Ramagem também é pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições municipais deste ano.

Até o momento, o parlamentar não se pronunciou sobre a operação da Polícia Federal. O Correio tenta contato com Alexandre Ramagem, mas até a publicação desta matéria o jornal não obteve retorno. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.