Mesmo considerado favorito à reeleição, Pacheco busca apoios no PL de Marinho, adversário na disputa pelo comando do Senado
A contagem regressiva para as eleições da Mesa Diretora do Senado, cujas articulações estão mais tensas que na Câmara, ganhou novos capítulos entre quarta-feira e ontem. Favorito à recondução à Presidência, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) recebeu confirmações de partidos aliados, como MDB — em almoço com Renan Calheiros (AL) e Eduardo Braga (AM) — e PT, que representado por líder na Casa, Fabiano Contarato (ES), anunciou o voto dos nove parlamentares no candidato à reeleição.
Porém, reunindo todos os apoios conquistados até agora, o número não forma uma margem considerada segura para Pacheco se manter no comando do Senado. Assim, os articuladores da campanha do presidente da Casa intensificaram o trabalho de conquista de apoios dentro do PL, que lançou Rogério Marinho (RN), ex-ministro do governo Bolsonaro.
O primeiro resultado disso é que Pacheco conseguiu avançar com siglas que tendem, por afinidade ideológica, a votar em Marinho. Por meio de articulação de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), seu partido, o segundo maior da Casa, acelerou o trabalho de cabalar votos para o candidato à reeleição.
O cálculo do grupo de Pacheco estima que haverá unanimidade de votos de siglas que apoiaram Lula nas eleições — como PDT, PSB, PSD, Rede e Cidadania, por exemplo — e de outras que não apoiaram formalmente, como o PSDB. Mas para se formar uma margem confortável que ultrapasse os 41 mínimos necessários garantir a permanência na cadeira presidencial, os articuladores de Pacheco tentam desidratar Marinho dentro do próprio PL. Pelas projeções atuais, calculam atrair entre cinco e sete votos na legenda, que tem 14 senadores.
Ainda assim, no cálculo dos coordenadores da campanha de Pacheco, estima-se que Pacheco atrairá, até o momento de depositar os votos na urna, senadores que hoje se dizem fechados com Marinho. Apostam que boa parte deles buscará a sobrevivência dentro da Casa, com cargos em comissões que tenham visibilidade e algum espaço na Mesa Diretora — sem contar a boa interlocução que o candidato à reeleição tem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assim, não pretendem passar o mandato abraçados aos bolsonaristas, que ficarão isolados.
Regimento
O PL, porém, sonha em nem sequer disputar a eleição e fazer de Marinho o futuro comandante da Casa. Isso porque o Regimento Interno diz que o partido mais numeroso do Senado tem a prerrogativa de indicar o presidente. A regra, contudo, pontua que tal premissa pode prevalecer quando “for possível”. Fontes que acompanham as negociações afirmam que a norma não pode ser entendida de forma cabal e que eleições com pelo menos duas chapas são permitidas.
Os dois últimos pleitos do Senado quebraram essa regra e abriram precedentes, ao permitirem que Alcolumbre e Pacheco concorressem. Nas eleições de ambos, que à época integravam a bancada do hoje extinto DEM — que com o PSL compõem, hoje, o União Brasil —, a bancada da legenda tinha somente quatro parlamentares e desbancou o MDB, que tinha o maior número de senadores.
Fonte: CorreioBraziliense