Há alguns anos atrás, durante uma disputa para a Presidência e Mesa Diretora aqui em nosso torrão rondoniense, um nobre e expert da política, companheiro, a quem tínhamos enorme respeito, me confidenciou à boca-miúda: “Olha, a eleição da mesa é bem mais complicada que a escolha do papa. Veja que no escrutínio do supremo pontífice, após a fumaça branca ser expelida na chaminé, ninguém muda mais o resultado; Já nas negociações da mesa diretora até o último minuto poderá haver surpresas, o que chamamos jocosamente de virada da mesa”.
Felizmente naquele embate que se deu por ocasião do mandato de governador, Zé Bianco, num sufoco danado, a escolha caiu no candidato da situação e tudo se normalizou, sem a necessidade de sequestro de deputados e outras coisas mais. Se a mala preta falou mais alto, foi tudo por baixo dos panos, sem que a imprensa farejasse a fonte pagadora.
Voltamos a ressaltar, por questão de ética, que não vamos falar quem era o cabeça desta missão articuladora, falado da situação, até porque não está mais em nosso meio. Todavia, esta foi somente uma das tantas batalhas que acompanhamos de perto, nesta curta, porém, intensa história da sucessão parlamentar estadual. Que o digam com muita propriedade todos os presidentes no legislativo nestes quarenta anos de nossa emancipação.
Porém, o que passou, passou. E, como dizia o mestre “Águas passadas não movem moinho”. Portanto, vamos focar no presente, pois após a apuração da eleição, haveremos de ter outra vez bons duelos.
Vejamos então, que até o presente, pelo menos quatro dos atuais deputados eleitos já manifestaram suas vontades de sentar no trono maior da Assembleia Legislativa de Rondônia, no 1º Biênio. Entre eles, o atual presidente Alex Redamo, do REPUBLICANOS, que não esconde pra ninguém o desejo de continuar no pedestal maior da Casa de Leis.
Respaldada na sua surpreendente votação, a 1ª dama do Município, Ieda Chaves – UB está no vácuo da disputa, mesmo reconhecendo que por ser novata, poderá não ter a simpatia dos veteranos, que representam metade da totalidade dos votos. Mas, quem sabe no 2º Biênio.
Alegando o apoio de Deus e talvez também do diabo, corre solto na buraqueira o estonteante e acelerado Marcelo Cruz. Sim, ele mesmo, o narizinho de ouro do PATRIOTAS. Pelas suas contas, ele já possui dois dos 24 votos, e contando com o voto dele já são votos cabestrados. Estaria lhe faltando somente dez votos – como ele mesmo vem espalhando pelos quatro cantos da Casa.
Nada contra, muito menos à favor, mas o que o nobre baluarte parlamentar tem que atentar, é que a maior indicação nesta peleja partirá incisivamente do mandatário do Executivo. É ele que tem desta vez, a chave na mão. Por outro lado, corre nos bastidores, a indicação da oposição, numa 3ª via que carrega o nome de Jean Oliveira – MDB, filho do ex-mandatário Carlão Oliveira, que tem trânsito livre em todas as bancadas. Jean, portanto, poderá ser a grande surpresa deste embate.
Isso, sem falar da incômoda presença do incansável Laerte Gomes – PSD, que já manifestou publicamente estar alheio à este processo. Assim, Jean ganha fôlego junto aos pares da velha guarda na casa.
O Autor é Analista político e Diretor Executivo do Instituto Phoenix