Ministros do TCU veem pressão do Ministério da Economia para que privatização da Eletrobras saia até o final do mês.
Eles alegam que o pedido de vista do ministro Vital do Rêgo pode ficar entre 15 a 28 dias, segundo negociação interna dos próprios ministros, e não 60 dias, conforme ele afirmou ao blog da Ana Flor.
A votação do processo no plenário do TCU está prevista para esta quarta (20), mas será adiada com o pedido. Ministros têm reagido nos bastidores à pressão da Economia e dizem que há exagero do governo ao dizer que o pedido inviabilizaria o processo até o final do ano por causa das eleições.
“O governo, por razões que desconhecemos, não quer que vire mês de abril”, afirmou um dos integrantes do tribunal. De acordo com esse ministro, se o preço da ação no livro de oferta for registrado até o final do mês, o valor patrimonial da empresa é o quarto trimestre do ano anterior, que seria mais baixo por ter sido ano de pandemia. O melhor, avalia, seria esperar a data de 11 de maio, quando o valor usado passa a ser o do primeiro trimestre de 2022, mais vantajoso.
A avaliação é a de que o processo não deve passar de 18 de maio, o que não inviabiliza a janela que usa o primeiro trimestre de 2022 como referência para a precificação.
Além disso, o governo tem de fazer um “roadshow” para investidores estrangeiros –o que a Economia resiste– e apresentar plano para os investidores que usarão recursos do FGTS para adquirir as ações. Isso cumprido, a privatização poderia ficar pra o mês de julho.
“Venda de R$ 100 bilhões não se faz em seis meses como se está tentando. Tem de se fazer uma análise criteriosa. O pedido de vista num prazo menor que 30 dias será útil para todos os ministros estudarem o tema”, disse um deles ao blog.
O governo também quer finalizar o processo para ter discurso de que houve privatizações na gestão Bolsonaro. Paulo Guedes defendia no início da gestão que todas as estatais fossem vendidas.