O presidente eleito, Lula (PT), está na sede do CCBB nesta segunda (28/11) em reunião com a base do novo governo para discutir a PEC do Bolsa Família, entre outros temas

Líderes do PT na Câmara acreditam que começa a surgir uma convergência entre os partidos para a tramitação da PEC do Bolsa Família. A aprovação do texto é vista como prioridade absoluta e será a prioridade da visita do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Brasília. Lula foi à sede do governo de transição, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), nesta segunda (28/11) para reunir-se com lideranças do novo governo.

“Eu acredito que começou a construir uma convergência. Eu acho que todos os partidos, a ampla maioria, compreenderam que é impossível esse debate de um ano. Porque no dia 30 de abril você tem que encaminhar a Lei de Diretrizes Orçamentárias e ali teria uma nova posição do governo”, disse à imprensa o líder do PT na Câmara, deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), ao chegar ao CCBB.

Segundo o deputado, Lula terá uma série de agendas para tratar da PEC durante essa semana, e deve conversar hoje com o MDB. O maior entrave agora para a tramitação do texto é a duração da medida, já que grande parte das siglas resiste a fazer exceção aos recursos do Bolsa Família do teto de gastos pelo prazo de quatro ano defendido pelo novo governo.

“O presidente Lula conhece todo o debate sobre a PEC. Agora ele deve conversar com os dois presidentes [da Câmara e do Senado] novamente, conversar com várias lideranças e com blocos de partidos para tomar a decisão do melhor caminho”, afirmou Lopes. Em sua avaliação, há muitos debates ocorrendo ao mesmo tempo, como a eleição para a presidência das Casas, das comissões da Câmara e a formação dos novos blocos para o ano que vem. “É um jogo de xadrez. Precisamos movimentar as peças corretas para criar uma governabilidade boa para o presidente Lula”, acrescentou.

Para o vice-presidente do PT, deputado federal José Guimarães (PT-CE), a negociação da PEC deve ser feita até amanhã (29/11) para que o texto tramite o quanto antes. “Daqui até amanhã tem muita conversa, muito bastidor, para a gente fazer a conversação necessária para votar a PEC. A prioridade é resolver essa bronca amanhã, na minha opinião”, declarou.

Ele também criticou as PECs alternativas apresentadas, como a do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que teria um custo estimado de R$ 80 bilhões, contra R$ 175 bilhões da proposta do novo governo. “Insuficiente. Está errado quem do PT está defendendo essa PEC. Eu conheço o parlamento. Você não começa no parlamento por baixo, começa na temperatura máxima. Aí no processo de negociação é que você vai definindo”, avaliou.

Guimarães acredita que a negociação na Câmara está “bem pavimentada” e que é preciso também encaminhar as discussões sobre o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) que também aguarda apreciação no Congresso. “É preciso, para além da PEC, recompor as condições do Orçamento para garantir o funcionamento do país. O pessoal da transição visita os ministérios, não tem nada. Nem café”, disse o deputado.

Fonte: CorreioBraziliense