Nos primeiros três meses de 2022, TSE registra um aumento de 25,4% na quantidade de jovens com menos de 18 anos que se alistaram para votar em outubro, em comparação com a última eleição presidencial

Isadora Luiza Ferreira de Souza tem 15 anos e, até dois meses atrás, vivia em Monsenhor Horta, distrito de Mariana, em Minas Gerais. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região tem 1.740 habitantes, na qual 889 são mulheres. A cidade é parte da história do Brasil, mas hoje não é a mais badalada do circuito histórico mineiro.

Considerada área rural de Mariana, a maioria de seus moradores ganha a vida pela atividade agrícola. Foi nesse contexto que Isadora cresceu. A menina, que é apaixonada pelo estudo da história, quando soube que a lei permitia — mesmo sem os 16 anos completos — antecipar a retirada do título de eleitor, fez questão de realizar o processo.

“Você está vendo que a história está se repetindo ao longo do tempo. Nós, jovens, somos os que podemos mudar, porque uma pessoa mais velha já tem a concepção de mundo feita. Desde que eu era mais nova, tinha interesse em ter a minha voz e fazer minhas próprias escolhas. Sempre fui uma criança que assistia ao jornal e gostava de acompanhar a política. Assim que descobri que poderia tirar o título, já quis. Falei com os meus pais e não pedi, só avisei que ia tirar. Meu pai me sugeriu tirar depois, mas eu expliquei que tento me conscientizar o máximo que posso e, por isso, fazia questão”, comentou.

Decidida, Isadora foi com a mãe até o cartório eleitoral. “Ao mesmo tempo que tenho um pai machista, tenho uma mãe muito empoderada, que vai contra tudo isso. Então, desde o início, me apoiou e foi comigo tirar o título. Minha mãe me ensinou que não se deve votar nulo e branco, pelo fato de que foi muito difícil, principalmente para nós, mulheres, termos direito de tirar o voto direto”, explicou. Isadora detalhou a sensação que teve ao ter o documento em mãos. “Cresci como cidadã. Foi uma sensação incrível”, despontou.

Isadora se informou pelo estudo, mas também foi estimulada pelas informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A campanha do órgão para estimular o alistamento de eleitores de 15 a 17 anos surtiu efeito. Só nos primeiros três meses deste ano, 1,1 milhão de adolescentes se cadastraram para participar do pleito de outubro. O número é bem maior que o registrado no primeiro trimestre de 2018, ano das últimas eleições presidenciais, quando 877 mil jovens procuraram a Justiça Eleitoral para garantir o direito de voto — um aumento de 25,4%. O prazo final para cadastramento na Justiça Eleitoral termina em 4 de maio.

No mês passado, o TSE promoveu a Semana do Jovem Eleitor, para conscientizar o público da importância de participar do processo de escolha dos representantes. Somente em 24 e 25 de março foram emitidos mais de 90 mil títulos para quem tem menos de 18 anos.

Fonte: CorreioBraziliense