Rafael Angelo atua como consultor de pecuaristas e produtores de soja e já foi indiciado pela PF em 1999, além de ter sido denunciado pelo MP do Pará por ilícitos ambientais
Por G1

Uma portaria, assinada pelo ministro da Casa Civil do governo Lula, Rui Costa, exonerou o superintendente regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) no Pará, Rafael Ângelo Juliano, além de superintendentes de outros 20 estados.

Rafael Angelo é engenheiro florestal e dono de uma empresa em Marabá, no sudeste do estado, que presta serviço de consultoria a pecuaristas e produtores de soja, incluindo envolvidos com infrações ambientais e desmatamento. A exoneração foi publicada no Diário Oficial da União de sexta-feira (13).

À época da nomeação dele, em abril de 2022, o Ibama informou que Rafael Juliano foi indicado “com base em critérios técnicos” e “possui ampla experiência na área ambiental, com especializações focadas em agropecuária, gestão em zona rural, perícia judicial, dentre outras”.

O g1 não conseguiu contato com o ex-superintendente.

O consultor também já foi indiciado em 1999 pela Polícia Federal. Em 2022, ele foi alvo de denúncia pelo Ministério Público do Pará (MPPA) por suspeitas de irregularidades.

Segundo a denúncia, ele teria “recebido ou adquirido, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal”, sem o devido licenciamento. Ele também já foi responsável técnico de siderúrgica em Marabá multada pelo Ibama.

Histórico

Indicado pelo senador paraense Zequinha Marinho (PL), então apoiador de Bolsonaro e líder da bancada evangélica, Rafael Juliano havia assumido a coordenação do órgão ambiental no estado em 2022, depois da exoneração do coronel aposentado da PM de São Paulo, Washington Luís Rodrigues.

Washington Rodrigues foi outro superintendente envolvido em polêmica durante o governo Bolsonaro, após a Polícia Federal deflagrar a operação Gold Rush, que identificou carga de 39 kg de ouro na região garimpeira Água Branca, em Itaituba, no sudoeste do Pará.

Segundo as investigações, a empresa havia extraído mais de R$ 1 bilhão em ouro de Unidade de Conservação Federal, com licença ambiental irregular, e explorado 32 vezes mais do que o declarado.

Após a operação, mensagens mostraram o ex-presidente do Ibama Eduardo Bim fazendo pressão para que Washington derrubasse embargos contra a mineradora investigada pela PF.

Antes de Washington, outro coronel assumia o cargo no Pará. Evandro Cunha também foi nomeado por Salles e foi exonerado após ter afirmado que iria parar a destruição de equipamentos apreendidos em garimpos ilegais.

A declaração do coronel foi feita em Altamira, no sudoeste do Pará — um dos municípios maior índice de desmatamento e crimes ambientais do país.

Um documento da coordenação geral do próprio Ibama criticou a postura do ex-superintendente Cunha, apontando “desconhecimento sobre a legislação vigente, que autoriza a destruição dos equipamentos usados em garimpos ilegais”, além de “elevar riscos a agentes que atuam na região”.