O calendário colocou o Flamengo à prova já nos primeiros 40 dias do ano. Foram três partidas com peso de decisão, que trouxeram à tona o desequilíbrio defensivo do elenco sob o comando de Vítor Pereira. O Rubro-Negro, agora, revive problemas de um passado não tão distante.
O assunto já está no radar do treinador, que terá o acerto da defesa como obsessão nas próximas semanas. Nos jogos contra Palmeiras, pela Supercopa, e Al Hilal e Al Ahly, pelo Mundial, o Flamengo sofreu nove gols. Antes, o clube havia sido vazado apenas duas vezes em seis jogos, do Carioca.
– Eu não sou de pensar que quando ganha está tudo bem e quando perde está tudo mal. Eu acredito no trabalho, no processo, que está se construindo uma forma de jogar, com base naquilo que são as qualidades dos jogadores. Temos que nos tornar uma equipe mais consistente no processo defensivo. Não podemos permitir que o adversário chegue tanto na nossa área, que tenha tantos cruzamentos e chegue tanto na linha de fundo. Para competirmos por títulos temos que melhorar – disse Vítor Pereira, após o terceiro lugar no Mundial.
Os incidentes defensivos resultaram no vice-campeonato da Supercopa e na terceira colocação do Mundial. Dos nove gols sofridos, apenas um aconteceu com finalização de fora da área – o primeiro de Gabriel Menino. Todos os demais gols com bola rolando aconteceram dentro da área do Flamengo.
Apenas um gol sofrido, porém, surgiu a partir de uma jogada de bola parada do adversário – a finalização de Abdelkader, de cabeça, após cobrança de escanteio para balançar as redes para o Al Ahly. A defesa rubro-negra foi vazada cinco vezes no primeiro tempo destas partidas decisivas e outras quatro ao longo da segunda etapa.

As jogadas áreas representam 22,2% dos gols tomados pelo Flamengo nos três jogos citados. Além do gol do Al Ahly, outro gol aconteceu em bola levantada na área rubro-negra: o de Vietto, do Al Hilal.

A maior quantidade de gols sofridos aconteceu em cobranças de pênaltis. Foram três, ou seja, 33,3% dos tentos. Raphael Veiga marcou uma vez para o Palmeiras na decisão da Supercopa, e Salem Al-Dawsari balançou as redes em duas oportunidades para o Al Hilal, na semifinal do Mundial. Vale destacar que a média só não é maior porque Santos defendeu uma cobrança do Al Ahly.

Lances individuais pesam

 

O coletivo defensivo não está sólido, mas os erros individuais comprometem ainda mais o sistema. No Mundial, por exemplo, contra o Al Hilal foram dois pênaltis (Matheuzinho e Gerson) e um gol após um erro de domínio de Erick Pulgar.

Contra o Palmeiras, Santos saiu com uma parcela de culpa no último gol de Gabriel Menino, visto que, nas imagens, o goleiro recolhe a mão na hora da defesa. Além disso, outros dois gols foram por falta de encaixe na marcação.

Temporada do Flamengo

Jogos 9
Vitórias 5
Empates 2
Derrotas 2
Gols marcados 21
Gols sofridos 11

Sombra do passado

 

A média de 1,22 gols sofridos por jogo (considerando todas as partidas da temporada) evidência o problema que precisa ser combatido a curto prazo. E faz o Flamengo reviver o fantasma do desequilíbrio defensivo que assombrou o clube em outros momentos. Foi com Dorival Júnior que o Rubro-Negro se reencontrou na defesa.

Renato Augusto e Léo Pereira em Flamengo x Corinthians — Foto: Thiago Ribeiro/AGIF

Renato Augusto e Léo Pereira em Flamengo x Corinthians — Foto: Thiago Ribeiro/AGIF

A dupla entre David Luiz e Léo Pereira ganhou destaque na última temporada, sobretudo com a boa fase do zagueiro canhoto. Até a zaga dar liga, a defesa era alvo de críticas – principalmente no início de 2022 quando Paulo Sousa ainda estava no comando.

Para afastar o passado sombrio, o Flamengo volta a campo pelo Carioca nesta quarta, contra o Volta Redonda, e no sábado, contra o Resende. Na sequência, Vítor Pereira disputa mais um título – em menos de 60 dias. A primeira partida da Recopa acontecerá na terça, dia 21, contra o Independiente del Valle. A decisão fica para dia 28, no Maracanã.

Fonte: ge