Presidente do TSE alerta representantes estrangeiros no Brasil para que acompanhem de perto “arremessos populistas” de líderes políticos por meio de “acusações levianas de fraude”. Recado foi para Jair Bolsonaro, embora não tenha sido citado

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, disse, na terça-feira (31/5), a uma plateia de 68 embaixadores, diplomatas e chefes de missões estrangeiras no Brasil que os “arremessos populistas” de líderes políticos na América Latina geram “acusações levianas de fraude, que conduzem a semanas de instabilidade política no período pós-eleitoral”. Dentre os convidados de projeção internacional, estiveram os representantes da embaixada da União Europeia e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

“O enredo é sempre o mesmo: buscar a conturbação e incutir a desconfiança entre os espíritos mais desavisados, para minar a legitimidade dos eleitos e da própria vida democrática. Atacar o sistema eleitoral dessa maneira é atacar a própria democracia. Mas a maturidade e a estabilidade das instituições brasileiras não permitirá que esses barulhos perturbem a vida democrática’, disse Fachin.

Sem citar o presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro afirmou aos representantes estrangeiros que o país convive com o “vírus da desinformação”, que atua, de maneira “infundada e perversa”, para denunciar riscos “inexistentes e falhas imaginárias”. Fachin fez um apelo aos embaixadores e diplomatas para que busquem informações verdadeiras sobre o sistema eleitoral brasileiro. Ele tem feito alertas para os riscos aos quais o Brasil está submetido.

O encontro com as autoridades teve o objetivo de apresentar as particularidades do sistema de votação brasileiro e oferecer diálogos com os especialistas do TSE. Fachin conduziu a abertura do evento ao lado da ministra Cármen Lúcia, substituta na Corte eleitoral. Durante o discurso aos representantes diplomáticos, Fachin explicou a complexidade das eleições no país, que contam com 150 milhões de eleitores, em mais de 5 mil municípios, com mais de 500 mil urnas eletrônicas em operação.

“Não é necessário alertar as senhoras e os senhores de que os desafios enfrentados pela Justiça Eleitoral brasileira não são, desafortunadamente, eventos isolados. Creio que todos aqui acompanham os perigosos sinais de ameaça à democracia em diversas partes do mundo”, disse o ministro, mais uma vez sem citar Bolsonaro.

A cooperação com outros países se tornou um dos objetivos da gestão de Fachin no TSE. O ministro manifestou o interesse em contar com mais de 100 observadores eleitorais na votação em outubro. À frente da Corte até agosto, ele se movimenta para firmar acordos de missões de observação internacional, responsáveis por apresentar relatórios detalhados sobre a qualidade do processo eleitoral brasileiro.

Confirmaram o envio de missões, até o momento, a Organização dos Estados Americanos (OEA), o Parlamento do Mercosul, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a União Interamericana de Organismos Eleitorais (UNIORE), a Fundação Internacional para Sistemas Eleitorais (IFES) e a Rede Mundial de Justiça Eleitoral.

Fonte: CorreioBraziliense