Senador Rogério Carvalho apresenta, hoje, plano de trabalho. Petista é o relator e o presidente do colegiado é o também governista Omar Aziz. Ideia é que comissão não seja palco para uma disputa paroquial de Alagoas

O senador Rogério Carvalho (PT-SE), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará o afundamento do solo em cinco bairros de Maceió (AL) — causado pela exploração de sal-gema pela petroquímica Braskem —, apresentará e colocará em votação, hoje, o plano de trabalho do colegiado. Nos bastidores do Senado, a avaliação é de que o Palácio do Planalto conseguiu controlar o manejo da CPI, o que evitaria ruído nas relações entre o governo e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas não desagradaria o senador Renan Calheiros (MDB-AL), cujo requerimento criou a comissão.

“A prioridade é começar a construir um robusto acervo probatório da CPI, de modo que não haja dúvidas na delimitação de responsabilidades, assim como organizar a oitiva de algumas testemunhas-chave”, disse Carvalho.

Com Omar Aziz (PSD-AM) na presidência, o governo tem dois aliados no comando dos trabalhos. Em uma reunião no Palácio do Planalto, em dezembro do ano passado, com a bancada alagoana e com a presença de Aziz, ficou acertado que nenhum parlamentar do estado ocuparia a relatoria e os dois favoritos eram Carvalho e Otto Alencar (PSD-BA). Renan trabalhava, então, para assumir esse posto — e reeeditar uma dobradinha, com o senador amazonense, da dupla que controlou o andamento da CPI da Covid.

As recentes manobras para controlar os trabalhos do colegiado irritou Renan, que deixou a vaga indicada pelo MDB. Como pano de fundo, está uma disputa paroquial em Alagoas, uma vez que o grupo político do senador é adversário de Lira e seus aliados — entre eles João Henrique Caldas, o JHC, prefeito de Maceió e que vai buscar a reeleição.

Segundo Aziz, a escolha de Rogério Carvalho para a relatoria da CPI visa “uma investigação totalmente isenta de pessoas ligadas a Alagoas” — observou, referindo-se à queda de braço entre Renan e Lira. A Braskem pagou R$ 9,2 bilhões em indenizações pelos danos causados na exploração de sal-gema e há uma reserva de R$ 14,4 bilhões para debelar a crise.

Fonte: CorreioBraziliense