Seleção proposital feita pela ação humana faz plantas ganharem atributos mais chamativos e vantajosos para cultivo. Efeitos vão desde de durabilidade até cores diferenciadas.
As cultivares são velhas conhecidas nas plantações de alimentos. Muito do que você leva à sua boca não estava presente na natureza antes da ação do homem.
Diversos vegetais passam por processos de alteração, e muitas das plantas ornamentais que adornam os interiores das casas também não eram encontradas no meio ambiente anteriormente.
A famosa Begonia Maculata “Wightii” , hit do Instragram, é um exemplo de planta que não é nativa de nenhum local. Embora confundida com a Begonia maculata natural do Rio de Janeiro, a planta foi criada a partir de viveiros na Europa.
“Uma cultivar decorre da seleção proposital de indivíduos com características obtidas por cruzamentos genéticos sucessivos”, afirma Gabriel Khedi, engenheiro agrônomo paisagista.
Os cruzamentos têm objetivo de adquirir atributos físicos e fisiológicos desejáveis ou mais vantajosos em termos de cultivo, afirma Khedi. Uma cultivar é diferente de uma variedade, essa, sim, fruto de mutações ou cruzamentos espontâneos na natureza.
Heliconia bihai — Foto: skibler on VisualHunt.com
“Uma cultivar pode ter flores com cores diferentes da espécie típica, pode ter folhas com um verde mais claro, pode ter maior tempo de durabilidade no pós-colheita, pode ter maior produção de flores, pode ter maior tolerância ao calor etc”, diz o agrônomo.
Billbergia ‘Darth Vader’:
Billbergia ‘Darth Vader’ — Foto: cultivar413 on VisualHunt
A bromélia que levou o nome do vilão de “Star wars” tem cor escura e listras brancas, resultado do cruzamento entre as cultivares “La Noche’ com “Domingos Martins”.
“Apesar do gênero conhecido, das informações de linhagem e do nome da cultivar ‘Darth Vader’, esse é um dos casos em que a planta não foi listada com seu epíteto científico, ou seja, é um registro “incompleto” da informação da espécie”, aponta Khedi.
Etlingera elatior cv. Itamambuca
Etlingera elatior cv. Itamambuca é uma cultivar que não existia na natureza — Foto: Hans Hillewaert / Creative Commons
Essa planta possui uma haste floral mais alta e com brácteas (estruturas foliáceas) de cor vermelho mais intenso.
Heliconia bihai ‘Peach pink’
Heliconia bihai “Peach pink” — Foto: Chnelsons / Creative Commons
É uma cultivar com brácteas de coloração alaranjada com tonalidade rósea, diferente da espécie típica que tem inflorescências com brácteas vermelhas, explica Khedi.
Calathea bella ‘Carlina’
Calathea bella ‘Carlina’ — Foto: Joel Abroad / Creative Commons
Possui folhas com coloração verde mais clara, bastante esbranquiçada, enquanto a espécie típica tem folhas de verde mais escuro.
Zamioculcas zamiifolia ‘Raven’
Zamioculcas zamiifolia ‘Raven’ — Foto: ourhouseplants on VisualHunt.com
Ao contrário da espécie típica que tem folhas de cor verde bandeira, a cultivar possui folhas muito escuras, quase pretas.
‘Perda’ da origem da cultivar
Muitas vezes a origem da cultivar é “perdida”. O engenheiro agrônomo paisagista explica que isso pode acontecer por causa de cruzamentos contínuos, que afastam as cultivares das características originais da espécie típica. “Agora há uma nova planta, com uma morfologia e fisiologia diferentes”, explica Khedi.
“Um exemplo são alguns tipos antigos de begônias que foram cruzados em viveiros ou de forma doméstica sem registro genealógico, e hoje temos exemplares lindos, mas sem “linhagem” conhecida”, conta.