Bia Ferreira projeta 2022: “Quero colecionar o maior número de medalhas”

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Motivada, boxeadora disputará o Continental neste mês e sente que visibilidade aumentou após a prata nos Jogos: “Sou um alvo. Todos querem ganhar de uma medalhista olímpica”

Em 2021, Bia Ferreira fechou o ano conquistando a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão. E logo neste início de 2022, a boxeadora mostrou que não vai arrefecer o ritmo: faturou o 66º Bocskai Istvan Memorial International Boxing Tournament, competição que aconteceu na Hungria, em fevereiro. Motivada, quer continuar colecionando medalhas neste ciclo visando à disputa das Olimpíadas de Paris, em 2024.

– Esse ciclo tem campeonatos importantes no começo, meio e fim. Está bem gostoso. Estou bem disposta a encarar esse ano e quero colecionar o maior número de medalhas possível – conta a atleta baiana, em entrevista exclusiva ao ge.

Após o título na Hungria – onde atuou a peso-leve (60kg) atuou na categoria de cima, de 63kg -, Bia Ferreira terá o Campeonato Continental de Boxe das Américas, no Equador, como próximo compromisso. A competição está marcada para a cidade de Quito, de 22 de março a 2 de abril.

– Estou bem treinada, aplicando as técnicas e movimentos que viemos treinando nos sparrings. Estamos sempre ajustando, não sabemos como o adversários vão agir mas estou positiva. Temos chances de ser campeãs no feminino, principalmente. Estou confiante,

Confira a entrevista na íntegra:

 

Faz sete meses que você se tornou uma medalhista olímpica. Como tem sido esse período desde Tóquio?

– Mudou tudo (risos), agora tenho uma medalha olímpica. Tenho que treinar mais, sou um alvo. Todos querem ganhar de uma medalhista olímpica. Eu pensava assim, as pessoas não pensam diferente. Tenho o sonho de disputar outra Olimpíada, mas quero mudar a cor da medalha. O foco só aumentou desde então. É muito massa, gratificante, viver aquilo e conseguir o objetivo que foi plantado desde o início.

– A medalha teve uma repercussão muito grande. Pessoas também fora do esporte passaram a me conhecer. Muita gente não me conhecia, começou a acompanhar o boxe, a tirar dúvidas, até os meus vizinhos. É legal essa parte também.

Você sentiu que essa visibilidade se refletiu na sua primeira competição no ano, na Hungria, onde as pessoas sabiam quem você era no torneio?

– Todo mundo conhece, a galera aponta, quer conversar, tirar foto. Eu fui em uma categoria de 63kg, acima da minha. Vi essa repercussão. Quando eu cheguei lá, percebi que algumas adversárias mudaram de categoria achando que eu iria na de 60kg. Foi uma surpresa para todo mundo. Me perguntaram se eu mudaria de categoria, eu disse só que estava arriscando um pouco para sentir uma adrenalina diferente. A gente fica sendo visto, mas também estudo todo mundo. Sou a dona do 60kg e vou continuar por lá.

Bia Ferreira foi campeã na Hungria, em fevereiro — Foto: divulgação/CBBoxe

Bia Ferreira foi campeã na Hungria, em fevereiro — Foto: divulgação/CBBoxe

O que achou de atuar em uma categoria mais pesada?

– As adversárias são maiores ainda do que na de 60kg. O impacto dos golpes é mais forte. Mas não senti diferença quanto à rapidez, me senti confortável. Mas por ser uma categoria olímpica seguirei nos leves (60kg).

Para você, quão importante foi essa conquista para abrir 2022 com um título?

– A gente sempre brinca que a volta é triste (risos), então foi importante. Foi o primeiro campeonato do ano, estamos tensos, voltando, fora de ritmo… Fomos campeãs por equipe, fui a melhor atleta da competição, o que dá um “up” e deixa o ano começando mais animado, mais positivo, com vitórias e título. Foi a primeira vez que fomos para lá. É uma competição de nível médio. Foi bom para vermos como iniciaremos, pois a equipe está se formando de novo, encerramos o ciclo de Tóquio. Precisávamos de um testezinho, então, por que não em uma competição?

A seleção brasileira realizou uma camp na Argentina dias atrás. Como foi esse período de treinos?

– Foi excelente, foi minha primeira vez na Argentina. Foi um camp muito bom, forte, fizemos muitas simulações de luta. Fizemos bastante sparring na academia, tinha muito material humano de lá, então treinamos com muitas pessoas. Eles poderão ser futuros adversários, podemos esbarrar no Continental. Foi um clima diferente, uma carga de treino diferente, em horários diferentes do Brasil. Ficamos concentrados, foi bem positivo. Estamos em semana de modelagem competitiva, a equipe está a todo vapor, iniciando o ano da melhor forma possível.

Bia Ferreira treinou com a seleção na Argentina — Foto: Arquivo Pessoal

Bia Ferreira treinou com a seleção na Argentina — Foto: Arquivo Pessoal

No que sente que evoluiu no seu jogo desde a medalha olímpica?

– A gente vai ficando confiante, maduro, mais frio, adquirindo experiência. Gosto de passar isso para quem está começando e ouvir quem já passou por isso. A gente vai ficando mais malandro (risos), sabendo administrar as emoções.

Por ter conquistado um segundo lugar nos Jogos Olímpicos se sente mais à vontade em outras competições?

Quando você perder o frio na barriga, é hora de parar. Tem que sentir esse frio, é a adrenalina, faz a diferença. Ir para Tóquio me deu experiência, mas não tirou meu frio na barriga. Levo todos os campeonatos na mesma importância, Do amistoso ao mais fod**, como os Jogos Olímpicos, entro pensando em medalhar, em estar no pódio. Ir a Tóquio me deu experiência para saber como agir, mas mais garra para treinar, querer mais e chegar bem em Paris.

O próximo passo é o Continental, no Equador?

– O Continental dá pontuação no ranking, fui campeã por duas vezes e quero sair com o título. É uma das competições mais importantes da América, depois, tem o Mundial em maio (na Turquia). Esse ciclo tem campeonatos importantes no começo, meio e fim. Está bem gostoso. Estou bem disposta a encarar esse ano e quero colecionar o maior número de medalhas possível. A gente embarca no dia 20 para o Equador.

Bia Ferreira prestes a entrar no ringue — Foto: divulgação/IBA Boxing

Bia Ferreira prestes a entrar no ringue — Foto: divulgação/IBA Boxing

Que países poderão atrapalhar os planos do Brasil no evento?

– Na minha categoria, os Estados Unidos, que sempre vêm com atletas boas, a Venezuela e Argentina. São os que batem de frente, precisamos ficar atentos. Mas o Boxe é uma caixinha de surpresa… às vezes, vem alguém do nada, como eu… ninguém me conhecia, saí levando tudo e hoje sou o alvo a ser batido (risos). A gente faz análise de vídeo e estuda pelo nome das adversárias que vão, mas não sabemos quem enfrentaremos. Geralmente, montamos uma estratégia boa, mas nem sempre vai dar certo, tem que ter plano A, B e força de vontade para ir pra cima. E murro na cabeça, golpe duro o tempo todo (risos).

O que esperar da Bia Ferreira e do Brasil neste torneio, que dá pontos no ranking?

– Estou bem treinada, aplicando as técnicas e movimentos que treinei nos sparrings. Estamos sempre ajustando, não sabemos como os adversários vão agir, mas estou positiva. Temos chances de ser campeãs no feminino, principalmente. Estou confiante, somos capazes. Estou tentando passar isso para as meninas pensem nisso. O titulo de campeã por equipe no Continental seria inédito para nós.

Bia Ferreira está nas semifinais do boxe nas Olimpíadas de Tóquio — Foto: Wander Roberto/COB

Bia Ferreira está nas semifinais do boxe nas Olimpíadas de Tóquio — Foto: Wander Roberto/COB

Fonte: ge