A jornalista Lu Braga recebeu o primeiro diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço há seis anos e travou por duas vezes a luta contra a doença e pelo restabelecimento de sua saúde. Conhecida pelo seu engajamento em causas sociais no Brasil e no exterior, a jornalista lançará para os povos indígenas, na próxima quarta-feira (26), em Brasília, o livro: “O que o câncer fez comigo”.  A ação busca trazer para discussões sobre assuntos como prevenção e diagnóstico precoce do câncer dentro das aldeias indígenas.

A autora do livro estará junto com a Juventude Indígena de Rondônia, onde ocorrerá uma roda de conversa e entrega dos exemplares do livro. Eles estão participando do Acampamento Terra Livre (ATL), organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).

A defensora da floresta e dos povos indígenas na Amazônia, Ivaneide Bandeira Cardozo, conhecida como Neidinha Suruí, explica que essas iniciativas são muito importantes para os povos indígenas, “Estamos muito felizes em receber a jornalista Lu Braga no nosso acampamento para nos contar um pouco da sua experiência com o câncer. Estamos acampados em Brasília e poder trazer esse assunto para uma das nossas pautas, fortalecerá ainda mais o movimento da Juventude Indígena de Rondônia”, esclarece Neidinha.

De acordo com levantamento do Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2023-2025 a previsão é de 704 mil novos casos no país, sendo 26% deles nas regiões Norte e Nordeste. São 25 mil novos casos só na Região Norte, com uma prevalência entre as mulheres, por ordem, o câncer de mama, câncer de colo de útero e o colorretal. 

A autora do livro ressalta que há escassez de estudo para a população indígena. Para ela os indígenas brasileiros são quase que invisíveis para os trabalhos de pesquisa oncológica no Brasil.
Lu Braga salienta que é necessário levar informação para dentro das aldeias, programas de educação em saúde para o rastreamento, diagnóstico precoce e tratamento oncológico com rapidez e qualidade.

Falar com os povos indígenas sobre o câncer é necessário. Eles formam uma fração da população que precisar entender a importância dos exames para diagnóstico precoce da doença. Estar com membros da Juventude Indígena nos faz acreditar que eles poderão ajudar levar essas informações para dentro das aldeias. Sabemos que muitos indígenas só descobre o câncer em estágio avançado, diminuindo as chances de ter melhor qualidade de vida e até mesmo de cura”, ressalta Lu Braga.


Em Rondônia, onde se concentram 55 etnias, os indígenas daquela região estão vivendo em desvantagem socioeconômica agravada pelas fortes chuvas que caíram nas últimas semanas no estado.
A situação é preocupante e pode resultar nos piores indicadores de saúde. Muitas aldeias foram atingidas pelas fortes chuvas, e o cenário é desolador e pode ficar ainda pior com uma possível alta de mortalidade infantil, elevadas prevalências de desnutrição, e maiores taxas de morbidade.

Uma saída emergencial, segundo Neidinha Suruí, é fazer chegar alimentos nas aldeias que foram atingidas o mais rápido possível.
“Sem essa ação emergencial, não será possível protegê-los da fome. Precisamos seguir firmes com o comprometimento com a saúde indígena”, afirma Neidinha Suruí.

Quem é Lu Braga

Jornalista paulista, voluntária há mais de 20 anos em trabalhos voltados para pacientes com câncer. É paciente oncológica há seis anos. Trabalhou em diversos veículos de comunicação no Brasil e no exterior. Mantém vivência na Amazônia, onde trabalhou por 10 anos. Ela é muito atuante em causas sociais.