Timão definha física, tática e emocionalmente em derrota para o Always Ready na Libertadores

A decepção provocada pela estreia do Corinthians na Libertadores-2022 é proporcional à expectativa criada em torno da equipe para esta temporada. Diante do limitado Always Ready, o time de Vítor Pereira pareceu não ter “nothing ready” – ou nada pronto, em bom português.

O Timão apresentou problemas coletivos e individuais, teve segundo tempo apático e mostrou quase nenhum poder de reação na derrota por 2 a 0 desta terça-feira.

É preciso ponderar o campo irregular e a dificuldade habitual de jogar na altitude de La Paz, mas tais fatores por si só não justificam a péssima atuação corintiana.

Após mais de uma semana livre para treinamentos, Vítor Pereira optou por uma escalação experiente, com média de 30 anos e sete titulares “trintões”. Ele reforçou a defesa com Fábio Santos no lugar de Lucas Piton, escalou Adson na ponta direita e barrou Róger Guedes para a entrada de Jô. Com a volta do centroavante, o técnico parecia buscar uma maior retenção de bola no campo de ataque, se aproveitando da estatura e da facilidade do veterano para fazer o trabalho de pivô.

Porém, a estratégia começou a ruir logo aos seis minutos. Escolhido para substituir Fagner, João Pedro perdeu na corrida para Flores e cometeu pênalti infantil, convertido por Riquelme.

A partir daí, o time da casa não teve pudores em abrir mão da bola, baixar as linhas de marcação e apostar no contra-ataque. O Corinthians teve 70% de posse, mas criou poucas chances de gol.

As principais oportunidades foram construídas pelo lado esquerdo do ataque, em tramas entre Fábio Santos, Willian e Renato Augusto. O camisa 8, aliás, se desdobrava para auxiliar os zagueiros na iniciação das jogadas e ainda se aproximar da área adversária. Do pé dele saiu o chute mais perigoso no primeiro tempo, aos 32 minutos.

Do lado oposto, Adson se apresentava, tentava partir para cima da marcação, mas sentia a falta de companhia para tabelar. João Pedro pareceu se abalar com o erro e passou a só tocar curto e não fazer as ultrapassagens.

Du Queiroz chegava à frente como elemento surpresa, e arriscou dois chutes da entrada da área.

Quem quase não foi visto em campo foi Paulinho. Limitado a uma faixa muito estreita de campo, entre a intermediária e a entrada da área, o volante participou pouquíssimo da partida, mas mesmo assim foi mantido por mais 20 minutos após o intervalo. O camisa 15 saiu de campo com apenas 24 passes completos e reforçando a impressão de que ainda precisa encontrar posição e função nessa volta ao Timão.

No intervalo, Vítor Pereira percebeu que João Pedro estava perdido em campo e voltou para o segundo tempo com Maycon no meio e Du Queiroz improvisado na lateral. Também recorreu a Róger Guedes, que entrou aberto pelo lado esquerdo, deslocando Willian para o lado oposto.

Jogadores do Corinthians reunidos antes da partida contra o Always Ready — Foto: Rodrigo Coca / Ag.Corinthians

Jogadores do Corinthians reunidos antes da partida contra o Always Ready — Foto: Rodrigo Coca / Ag.Corinthians

Porém, logo na saída de bola, o Corinthians sofreu o segundo gol em vacilo coletivo, mas com menções honrosas a Maycon, Du Queiroz e principalmente João Victor.

A partir daí, a equipe definhou tática, física e emocionalmente. A saída da defesa para o ataque era feita com lentidão, havia muitos erros técnicos e o Timão não conseguia se aproximar da área trocando passes.

É fato que Vítor Pereira enfrenta um calendário ingrato em seu início pelo Corinthians, com três clássicos, dois jogos eliminatórios e uma partida de Libertadores na altitude. Mas também não se pode ignorar que, sob o comando dele, a equipe só venceu os rebaixados Novorizontino e Ponte Preta, no Paulistão.

Após um mês e meio de trabalho, o português ainda procura não só um 11 ideal, mas também uma identidade de jogo.

No domingo o Brasileirão começa para o Corinthians e haverá pouco tempo para treino e recuperação em meio à maratona de partidas. Há bastante margem para evolução, mas também muita coisa a ser corrigida. O tempo perdido no começo do ano com Sylvinho parece custar cada vez mais caro.

Fonte: ge