À frente das articulações para a recondução de Pacheco, senador sofre críticas no União Brasil por oferecer cargos nas pastas controladas pela sigla, e enfrenta reclamações do PSD, ante a forma como as funções na Mesa Diretora estão sendo distribuídas
O comando das articulações pela recondução de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à Presidência do Congresso foi assumido pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP), que se mobiliza intensamente para atrair os votos dos parlamentares indecisos. A atuação dele, porém, provocou críticas entre integrantes da Casa, especialmente dentro do próprio União Brasil e do PSD.
Caso Pacheco vença, cenário que é considerado o mais provável entre congressistas, Alcolumbre vai continuar no comando da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), a mais cobiçada do Senado. Esse é um ponto que prejudica a chapa. Alcolumbre já presidiu a Casa em 2019 e 2020 e foi cabo eleitoral de Pacheco como seu substituto.
Nos bastidores, fala-se que o amapaense quer concorrer novamente à principal cadeira do Senado em 2025, deixando insatisfeitos os parlamentares que visam o cargo ou que pedem uma alternância de poder na direção da Casa.
O entorno de Pacheco estima ter entre 50 e 55 votos a seu favor, mais que os 41 necessários para encerrar a disputa no primeiro turno. Pesa, porém, o risco de traições. Como o voto para as eleições do Congresso é secreto, há possibilidade de parlamentares votarem no sentido contrário à orientação de suas legendas. A campanha do principal opositor, Rogério Marinho (PL-RN), conta com as dissidências para levar a disputa ao segundo turno.
Entre os partidos mais divididos estão o União Brasil e o próprio PSD. Dentro da legenda de Pacheco, há reclamações a respeito do papel que Alcolumbre está desempenhando na campanha. E alguns criticam a forma como os cargos na Mesa Diretora do Senado estão sendo distribuídos. Além da eleição para a Presidência, que ocorre amanhã, a Casa Legislativa realiza, na quinta-feira, a votação para os demais cargos.
No União, a maior reclamação é de que Alcolumbre está agindo sem ouvir outros membros do partido. Ele vem oferecendo cargos nos três ministérios controlados pela legenda, mas especialmente na pasta da Integração e do Desenvolvimento Regional. O ministro Waldez Góes foi uma indicação pessoal de Alcolumbre ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Membros do União avaliam que o presidente da CCJ consegue ganhar para Pacheco os votos da maioria dos senadores da sigla.
Corpo a corpo
Marinho, por sua vez, assumiu o protagonismo da sua articulação e falou pessoalmente com mais de 60 senadores, visitando seus gabinetes e viajando a seus estados. Ele também conta com articuladores como a senadora eleita e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP-MS) e o também ex-ministro da Casa Civil Ciro Nogueira (PP-PI). O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a ligar para ao menos três senadores, pedindo voto em Marinho.
No domingo, o candidato do PL promoveu um almoço na casa do senador Izalci Lucas (PSDB-DF), em Brasília, para tentar virar votos. O parlamentar brasiliense declarou seu voto no ex-ministro. Ao menos 15 parlamentares foram ao local, incluindo integrantes do PSD, partido de Pacheco. A campanha avalia, ainda, que os votos da bancada do Podemos vão para ele na segunda parte da disputa. A legenda tem candidato próprio, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), sem perspectiva de vitória.
Ao Correio, Izalci disse não concordar que a atuação de Alcolumbre seja o principal desgaste, mas, sim, o apoio que Pacheco tem do presidente Lula. “Como é que eu vou ser de oposição e ter esse alinhamento com o governo?”, questionou o senador.
Nos bastidores, mesmo aliados de Marinho admitem que Pacheco está na frente e deve levar a disputa. Porém, a candidatura do ex-ministro ainda é considerada competitiva, e o cenário com voto secreto pode render surpresas no dia da eleição.
Fonte: CorreioBraziliense