Por meio de ofício, presidente do Congresso solicitou à Corte a relação dos nomes que foram monitorados ilegalmente pela agência
O presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), enviou, nesta segunda-feira, ofício ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a lista dos nomes de parlamentares que foram alvos da espionagem ilegal realizada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Encaminharei ao Supremo Tribunal Federal ofício solicitando os possíveis nomes de parlamentares clandestinamente monitorados pela Agência Brasileira de Inteligência, dada a gravidade que um fato dessa natureza representa”, declarou Pacheco.
O documento foi destinado ao relator do inquérito que investiga o caso na Suprema Corte, ministro Alexandre de Moraes. A iniciativa de Pacheco surgiu após a Polícia Federal (PF) deflagrar nova fase da operação Vigilância Aproximada, que cumpriu um mandado de busca e apreensão em endereços ligados ao vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho 02 do ex-presidente.
Sobre a operação, Jair Bolsonaro acusou Moraes de “perseguição implacável”. “Nunca existiu Abin paralela para proteger quem quer que seja. É uma perseguição implacável que, no meu entender, o objetivo é esculachar. Eu não tenho nada a ver com essa questão da busca e apreensão”, alegou o ex-presidente.
“Não quero culpar a Polícia Federal. É uma perseguição implacável por parte do ministro Alexandre de Moraes, é inacreditável o que esse homem faz.”
Nas redes sociais, parlamentares bolsonaristas compartilharam o mesmo ponto de vista do ex-chefe do Executivo. O deputado Messias Donato (Republicanos-ES) reagiu à busca contra o vereador da capital fluminense. “E começa mais uma semana com perseguição política escancarada para minar adversários e calar a oposição. E ainda tem quem ache que estamos em uma democracia plena”, registrou.
Enquanto parlamentares da oposição se solidarizaram com o filho 02 de Bolsonaro e acusam o STF de querer acabar com a direita política no Brasil, políticos que integram a base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comemoraram a operação da PF.
O secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, acusou a oposição de incoerência. “Cometem crimes e apontam o dedo. Espionaram e monitoraram ilegalmente milhares de brasileiros e brasileiras e, agora, se dizem perseguidos”, escreveu. “Quem os persegue são os princípios consagrados na Constituição”, completou. Na postagem, Cappelli ainda parabenizou a PF pela operação.
Nesse sentido, o deputado Guilherme Boulos (Psol-SP) e pré-candidato à prefeitura de São Paulo pediu que a polícia identifique “todos os responsáveis”. “A investigação sobre pessoas ligadas ao esquema da Abin paralela chegaram (que surpresa!) no Carluxo e seus assessores”, ironizou Boulos.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, o deputado federal André Janones (Avante-MG) e o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), líder do governo no Senado, também demonstraram contentamento com a operação. “Não há nada escondido que não venha a ser revelado”, publicou Randolfe, em referência a uma passagem bíblica.
Já o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, ressaltou que houve uma “contaminação” dos órgãos públicos no governo anterior.
Segundo ele, havia uma organização criminosa instalada nas instituições. “Os processos de apuração não se restringem à Abin. Envolvem todos os órgãos, sejam civis ou militares”, frisou. “Desde o ano passado, isso já vem sendo desenvolvido de forma autônoma pela Polícia Federal, a partir das determinações do Judiciário, e nós não descansaremos enquanto todos aqueles envolvidos nos crimes preparatórios de 8 de janeiro sejam devidamente apurados e punidos. Existia uma organização criminosa no governo anterior que envolvia várias instituições.”
Ele defendeu a continuidade das investigações. “O clima de ódio semeado durante quatro anos no governo anterior envolveu e contaminou várias instituições civis e militares, e a apuração sobre envolvimento individual em todas as instituições tem que continuar”, destacou.
Fonte: CorreioBraziliense