O Ministério da Saúde anuncia, nesta quinta-feira (25/1), ações para enfrentamento à dengue no país. De acordo com a pasta, a campanha de vacinação começa em fevereiro, priorizando o público-alvo de regiões endêmicas para a doença em 521 municípios.
A escolha dos locais prioritários seguiu três critérios: municípios de grande porte (com mais de 100 mil habitantes), com alta transmissão de dengue registrada em 2023, e com maior predominância do sorotipo DENV-2.
Dessa forma, 16 estados e o Distrito Federal preenchem os requisitos para iniciar a vacinação. O grupo a ser imunizado neste primeiro momento é composto por crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalizações por dengue, de acordo com o ministério, depois dos idosos (que não têm indicação de vacinação pela Anvisa).
O estado com mais municípios selecionados é Goiás (134), seguido pela Bahia (115), Mato Grosso do Sul (79) e Paraná (30). A previsão do ministério é de vacinar neste ano 3,2 milhões de pessoas.
A farmacêutica Takeda, que fabrica a vacina Qdenga, tem capacidade limitada de fornecimento das doses para este ano. O esquema vacinal é composto de duas doses, com intervalo de três meses entre elas.
A ministra da Saúde Nísia Trindade explicou que as regiões Centro-Oeste, Sudoeste e parte da Nordeste concentram um aumento expressivo no número de casos de dengue. “Tínhamos um prognóstico de aumento de casos, o que tem se confirmado, mas ele não se dá de maneira uniforme”, afirmou.
A titular da pasta também pontuou que as mudanças climáticas recentes favorecem a incidência da doença em regiões onde antes não haviam registros.
Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), ressaltou que a disponibilização da vacina se une a um conjunto de outras estratégias. “Mesmo quem é vacinado não pode abrir mão de outras estratégias, do cuidado individual”, disse.
O Brasil pode atingir recordes na quantidade de casos e mortes por dengue neste ano, de acordo com estimativas da pasta apontando que os casos da doença variem de 1,7 milhão até 5 milhões, com média de 3 milhões. A variabilidade resulta de uma combinação de fatores, como calor intenso, chuvas abundantes e ressurgimento dos sorotipos 3 e 4 do vírus que causa a doença.
Só nos primeiros 15 dias do ano, foram 55.859 registros de dengue no país, com seis mortes. A incidência de casos está em 27,5/100 mil habitantes. No mesmo período de 2023, haviam sido computados 26.801 casos – ou seja, houve aumento de 108% no número de casos, mas com 17 mortes.
Em 2023, o país registrou o maior número de mortes causadas pela dengue: 1.079 óbitos confirmados até o fim de dezembro, com outros 211 ainda em investigação.