O ministro morreu em decorrência de falência múltipla dos órgãos. Autoridades destacaram a atuação dele na garantia dos direitos fundamentais no país
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, também se manifestou sobre a morte de Sepúlveda e se solidarizou com os familiares do ministro aposentado do STF. “O Brasil perdeu um grande e incansável defensor da Democracia com a morte de Sepulveda Pertence. Notável advogado, jurista e Ministro do Supremo Tribunal Federal, deixará um eterno legado de amizade, seriedade e Justiça. Meus sentimentos aos seus familiares”, pontuou.
Moraes o descreveu como um incansável defensor da democracia. “O ministro Pertence exerceu, com brilhantismo e inovação, a Presidência do TSE em dois momentos, de 1993 a 1994 e de 2003 a 2005. Foi durante a primeira gestão do ministro Pertence que a Justiça Eleitoral garantiu o direito ao voto aos jovens que completam 16 anos até a data da eleição. Ele também possibilitou a criação de uma base que permitiu a implementação do voto eletrônico no país nos anos que se seguiram. Pertence foi responsável por criar uma rede nacional da Justiça Eleitoral, que permitiu transmitir a alguns centros regionais as apurações de cada seção, de cada município”, destacou o presidente do TSE.
A Ordem dos Advogados do Brasil também lamentou a morte do ministro. “É uma perda inestimável para o mundo jurídico. Como advogado e como ministro, pautou sua atuação pelo diálogo e pela defesa do Estado Democrático de Direito. Será também lembrado como um defensor incansável do livre exercício da advocacia e do respeito às prerrogativas da classe”, afirmou o presidente da OAB Nacional, Beto Simonetti.
O secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Bartolomeu Rodrigues, lembrou do apoio de Sepúlveda às causas de liberdade e dos direitos humanos. “Nunca irei esquecer o apoio incondicional do advogado e ministro Sepulveda Pertence às causas da liberdade e dos direitos humanos. Nunca nos faltou nos momentos em que lutávamos pela redemocratização do país. Pertence foi, ele próprio, um monumento à dignidade humana”, afirmou.
O desembargador aposentado do TRT de Minas Gerais, Antonio Fernando, também lamentou a perda do ministro. “Fico muito triste. Inteligência, cultura, inigualáveis. Se coisas boas levei da Magistratura foi a amizade dele”, pontuou. A Procuradoria-Geral da República publicou uma nota de pesar pela morte de Sepúlveda.
De acordo com o procurador-geral, Augusto Aras, o ministro foi um exemplo de ética e conhecimento jurídico. ” O país perde uma pessoa única, por tudo o que Pertence representa para a vida pública nacional, para a advocacia, para o Ministério Público, para o Poder Judiciário e para a toda a nação”, disse Augusto Aras.
Cristiano Zanin, indicado por Lula ao STF, disse que o ministro merece destaque na história da luta pelos direitos e garantias individuais. “Atuou com afinco na busca da dignidade da pessoa humana, tanto exercendo suas atribuições no Ministério Público, quanto no exercício da Magistratura e da advocacia. Deixa-nos seus ensinamentos pela busca da liberdade e da democracia”, pontuou.
Para Cristovam Buarque, ex-governador do DF, o exemplo deixado por Sepúlveda deve ser seguido pelos brasileiros. “Morreu uma Era de Decência: Sepúlveda Pertence era muito mais do que apenas uma pessoa. Fica seu exemplo que precisa ser divulgado e seguido”, afirmou. O ex-governador José Roberto Arruda também se manifestou. “Ele era o mais preparado e o mais simples de todos. Depois , no Supremo, honrou a advocacia brasileira e deu exemplo de erudição e coerência.
Perdemos um grande brasileiro”, ressaltou.
Trajetória
Nascido em Sabará, Minas Gerais, o magistrado foi nomeado para o STF em 1989, no governo do ex-presidente José Sarney. No ano seguinte, ele foi indicado para Juiz Substituto do Tribunal Superior Eleitoral. Em 1991 tornou-se juiz efetivo do TSE, assumiu a vice-presidência e, de junho de 1993 a novembro de 1994, exerceu a presidência da Corte Eleitoral.
Ele tornou-se Bacharel pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1960. E, 1962 a 1965, na participou como auxiliar docente dos cursos de Introdução à Ciência do Direito, Direito Constitucional e Direito Penal, na Universidade de Brasília.