Parte da sociedade não sabe lidar com o fracasso, e, em vez de protestar dentro da lei, passou a infringi-la de maneira acintosa. É preciso reação enérgica das instituições de fiscalização e controle

Por Rondoniadinamica
Publicada em 05/11/2022 às 09h52

Porto Velho, RO – Em Rondônia, o presidente da República Jair Bolsonaro, do PL, fez 633.236 votos, alcançando 70,66% do total válido, ficando atrás apenas de Roraima, onde mais de 76% da população o escolheu.

Ainda assim, foi democraticamente levado à lona pelo adversário Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, que chegou à Presidência da República pela terceira vez.

O atual morador do Palácio da Alvorada demorou, mas já admitiu a derrota, ainda que de maneira contida, atribuindo a Ciro Nogueira a missão de comandar a transição. Nogueira nomeou Alckmin, vice de Lula, oficializando o processo de sucessão.

Acabou, gostando ou não.

Ainda assim, é legítimo protestar no Brasil, desde que sem atravancar ou gerar prejuízos às vidas alheias. A paralisação do trânsito nas rodovias – ou em quaisquer outras estradas – , consiste em ato antidemocrático, ilegal e inconstitucional.

Dentro desse assunto, o pior momento ocorreu quando passageiros foram coagidos a assinar uma petição pedindo intervenção federal em Vilhena. Cabe à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público Federal (MPF) chamarem para si a responsabilidade de identificar as pessoas no vídeo veiculado pelo site “Agência Pública”, na matéria assinada pelo jornalista Thiago Domenici, impondo, contra elas, todo o rigor da lei. Essas ações que promovem o terror não podem ser tratadas com desdém.

Por esses e outros motivos já anotados há, há dias, decisão judicial federal em vigor determinando a liberação das pistas, o que vem sendo acatado, paulatinamente, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

A PRF inclusive mesmo anunciando a autorização do uso da força de choque mantém o diálogo com os revoltosos, deixando o embate físico para última instância.

Em Rolim de Moura, uma associação comercial liberou seus membros para participar dos piquetes ao longo das BRs rondonienses, fornecendo inclusive ônibus para levá-los, atacando frontalmente o dispositivo da decisão judicial que determina a detecção de pessoas físicas e jurídicas nesses movimentos ilícitos a fim de multá-los.

Cidadãos levarão multas de R$ 10 mil/dia; empresas, R$ 100 mil a cada 24 horas.

Também impuseram prejuízos aos moradores da cidade ao decidirem parar as atividades comerciais promovendo espécie de autosabotagem minando ainda a economia local no município que rendeu mais de 74% dos votos ao chefe da União, acima da média estadual.

Depois de Bolsonaro, foi a vez de Marcos Rocha, governador reeleito, pedir, com educação e de maneira pacífica, que os levantes sejam feitos dentro da legislação vigente.

O atravancamento das estradas, diz o regente do Palácio Rio Madeira, já causa desabastecimento e traz riscos à subsistência populacional.

Em Vilhena e Cacoal circularam listas informais e virtuais de “boicote” a empreendimentos cujos donos votaram no PT. Um atentado à divergência, à pluralidade de opiniões, um verdadeiro pontapé nos ditames democráticos.

Advogados aconselham aos proprietários que figurem como alvo nessas listagens por motivos estritamente políticos que movam ações cíveis por danos morais tanto contra autores quanto em relação aos reprodutores desses levantamentos.

Também em Cacoal e em Porto Velho jornalistas foram hostilizados. Na Capital houve agressão contra repórteres da Rede Amazônica enquanto os profissionais tentavam fazer a cobertura das movimentações.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Rondônia (Sinjor-RO) disse que o caso da Capital será investigado pela Polícia Civil (PC/RO).

No trecho mais sintomático de sua Nota de Repúdio diz: “A imprensa é livre. A própria Constituição Federal assegura. Não podemos viver sob a tutela dos ‘Soldados da Insanidade’ que, em nome de uma suposta liberdade, intimida, agride e aterroriza jornalistas”.

Ainda sobre violência e crime, o Rondônia Dinâmica publicou, no decorrer da semana, matéria exclusiva reportando a intenção de um grupo de WhatsApp, com membros moradores do estado, em promover uma “vaquinha” virtual para matar o presidente eleito.

A veiculação ganhou repercussão na imprensa regional e nacional e logo se transformou em medida efetiva por parte do Ministério Público (MP/RO).

Os componentes, cujos números de telefone foram encaminhados pela redação ao promotor responsável, serão investigados.

E assim como o MP/RO deflagrou rapidamente procedimento específico para apurar e eventualmente punir condutas de cunho criminoso, todos os órgãos de fiscalização e controle têm o dever de fazer o mesmo sobre todos esses pontos.

A PRF, quando encerrado o imbróglio do cerceamento do direito de ir e vir, deve dizer à população rondoniense o saldo das operações no quesito voltado às multas.

É preciso saber que o apontamento da sanção não ficou só no papel. A sociedade precisa compreender que violar a lei, especialmente sob pretexto golpista, tem consequências.

E essas consequências de cunho financeiro precisam “assombrar” essa gente mal-intencionada que dá de ombros às demais pessoas.

Se escolheram viver num mundo paralelo, recolhidos à bolha ideológica que lhes apraz, ótimo, mas há quem não queira usar chapéu de alumínio vivendo um cotidiano difícil, palpável, verdadeiro, real, e optou por se sujeitar ao Estado Democrático de Direito, à legislação vigente, especialmente à Carta Magna, e, portanto, não merece sofrer pelos desatinos cretinos de mau-perdedores.

No caso dos profissionais de imprensa agredidos, verbalmente ou de forma física, o Rondônia Dinâmica presta sua solidariedade mantendo a vitrine aberta aos colegas para qualquer tipo de reivindicação e/ou expressão de indignação.

Que os agressores sejam reconhecidos, apontados, indicados, indiciados e processados em todas as esferas legais possíveis.

E que nenhum ato bestial de desequilíbrio emocional passe batido e sem a devida punição.