Unidade tinha capacidade de atender 9 mil pacientes ao mês; para servidor, saúde regrediu nos últimos três anos
Projetado para atender pelo menos nove mil pacientes ao mês, o Centro de Reabilitação do Estado de Rondônia (Cero), localizado bairro Mariana, zona Leste de Porto Velho, funciona de forma precária. A unidade de Saúde que foi referência no atendimento de reabilitação tenta resistir à falta de planejamento do atual governo. Ela foi fechada para supostamente ser um hospital de campanha no tratamento contra a covid-19, na fase mais grave da pandemia, mas nunca chegou a funcionar, da forma como anunciou o governo. No período pós-pandemia a unidade começa a atender, mas com grandes dificuldades, devido ao desmonte promovido pelo governo do Estado, através da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).
A população perdeu um grande serviço de reabilitação, uma unidade modelo em Rondônia. O desabafo é da dona de casa M.H.T, avó de uma criança especial que faz tratamento no Cero. De acordo com ela, o tratamento regrediu. “Lá, tínhamos uma equipe multitarefa, que dava total apoio aos pacientes, principalmente as crianças, agora temos uma longa fila de espera para obter parte do serviço antes prestado pelo Cero”, desabafa.
O fechamento mostra a falta de compromisso com a população. O caso do Cero deixa explícita que não há planejamento para a área de Saúde que desmontou um hospital referência na reabilitação de pessoas sob o pretexto de criar uma unidade especializada em atendimento a pacientes com caso grave de covid-19 que nunca atendeu um paciente sequer. Agora, em período eleitoral, tenta reativar, na marra, e passar a falsa aparência de que nada mudou.
De acordo com o projeto inicial do Cero, o objetivo era organizar a assistência à saúde da pessoa com deficiência auditiva, física, intelectual e visual, buscando reabilitação clínico-funcional e psicossocial de maneira integral, contribuindo, para a melhoria de suas condições, sua integração social, ampliação das suas potencialidades laborais, e independência nas atividades da vida diária. Tudo isso foi deixado de lado, graças à falta de competência do governo do Estado.
O Centro de Reabilitação do Estado de Rondônia (Cero) possuía um modelo assistencial que visava assegurar a prestação de serviços em caráter contínuo e eficiente, com o foco no aumento da capacidade de atendimento e a redução da espera do usuário, otimizando o fluxo e atendendo as necessidades da população rondoniense no que tange a reabilitação.
A obra foi feita e equipada com recursos do Estado, num total R$ 6 milhões. Uma fonte ligada ao governo destaca o avanço da saúde púbica, em especial a de alta complexidade nas administrações Confúcio Moura e Daniel Pereira. Hoje, afirma, tudo voltou à “estaca zero”.
Ele citou a ampliação na oferta de leitos, novas salas cirúrgicas do Hospital de Base Ary Pinheiro (HB), com capacidade de aumentar em pelo menos 70% o número de cirurgias, a entrega da Policlínica Oswaldo Cruz (POC), a inauguração do Centro de Hemodiálise de Ariquemes, a ampliação do atendimento aos pacientes com câncer, através da unidade “Barretinho” – hoje Hospital do Amor – em Porto Velho, e Daniel Comboni, em Cacoal, a construção do Heuro em Cacoal, entre outros avanços registrados no setor em Rondônia.
O salto na oferta e a qualidade dos serviços foram comprometidos pelo atual governo. Há um desmonte no setor. Infelizmente hoje a saúde cresce como rabo de cavalo: para baixo, afirma a fonte, um servidor com mais de 30 anos de serviços prestados na área. A forma como hoje funciona o Cero é o maior exemplo de que não se deve fechar, paralisar ou suspender o atendimento de um hospital sem um estudo rigoroso do impacto que pode causar à população.
REABILITAÇÃO VISUAL
A conquista da autonomia pela pessoa com deficiência visual, que envolve, também, superação dos impactos e dos prejuízos decorrentes da limitação, seja perda total ou perda parcial da visão, bem como, dos estigmas socialmente concebidos à deficiência visual, não foram levados em consideração pelo governo ao fechar a unidade de saúde na Zona Leste de Porto Velho, para reabri-la de forma precária.
Outro fator a ser considerado para aquisição da autonomia pela pessoa com deficiência visual é o convívio social durante a reabilitação, dentro da instituição especializada, que oportuniza algumas similaridades aos históricos de vidas das diferentes pessoas atendidas, todo o avanço obtido com a implantação do Cero, retrocedeu, deixando pacientes especiais sem o atendimento humanizado e técnico.