A vantagem mínima obtida pelo Athletico deixa claro que a disputa pela vaga na final da Libertadores não terminou em Curitiba. E embora os paranaenses tenham que lidar com o duro desafio da volta no Allianz Parque, por ora é o Palmeiras quem viaja para São Paulo com mais questões a responder.
Primeiro, entender por que a produção ofensiva foi tão pobre. Os 20 minutos finais – mais os acréscimos – em que teve um jogador a mais vão dominar os debates por causa da recente controvérsia entre Abel Ferreira e Cuca. No entanto, este foi mais um daqueles chamados “jogos grandes” em que o Palmeiras foi pouco ameaçador no ataque, pouco dominante. Desta vez, menos pelo habitual conservadorismo das grandes ocasiões e mais pela dificuldade de vencer a marcação do time de Felipão.
Outro tema de reflexão tem a ver com o elenco. É possível ponderar, diante da exibição em Curitiba, que o Palmeiras não teve Danilo e Scarpa, jogadores de muito peso. E ainda perdeu Raphael Veiga no início do segundo tempo. No fim, os desfalques acentuaram o quanto é difícil para este time manter o padrão ao se ver sem alguns jogadores. Além de curto, o elenco tem posições que parecem apresentar desequilíbrios importantes entre titulares e reservas.
Num jogo em que as chances reais de gol não foram tão fartas, os primeiros 30 minutos justificam a vitória do Athletico, que agora está a um empate da decisão.
Não chegou a ser a semifinal fechada que se temia, de dois times dispostos apenas a defender. Tampouco foi um jogo dos mais atraentes. E, no fim das contas, foram as estratégias sem bola que ditaram rumos do partida. Era um duelo de marcações individuais, com jogadores se movendo quase aos pares pelo campo: Marcos Rocha e Vitinho, Piquerez e Canobbio, Dudu e Abner, Rony e Khellven, Fernandinho e Zé Rafael, Hugo Moura e Veiga, Alex Santana e Gabriel Menino…
Em sistemas assim, o jogo vira uma sucessão de duelos, marcados também pelo temor de que a perda de um destes confrontos crie um efeito dominó que desequilibre todo o sistema defensivo. Um dos riscos é que a partida tenha faltas em sequência: foram 20 só no primeiro tempo e 33 no total.
Para quebrar os encaixes de marcação, há algumas opções. Como os dois times pressionavam com um atacante contra dois defensores do rival, havia a possibilidade de que um dos zagueiros saísse conduzindo a bola. Mas havia pouca disposição para o risco e a opção era sempre pela bola longa: foram 62 no primeiro tempo e 116 ao todo. Outra opção eram ações individuais, pequenas vitórias – ou derrotas – em algum destes duelos.
Hugo Moura cometeu um erro de passe, desequilibrou a defesa do Athletico que saía para marcar e López, dono de atuação ruim, perdeu a melhor chance do Palmeiras. O mesmo Hugo Moura fez boa jogada pela esquerda e criou a primeira oportunidade dos donos da casa. Mas o primeiro tempo mostrava um Athletico mais capaz de desordenar o Palmeiras, em especial pelo lado direito, onde Rony nem sempre recompunha bem. Uma tabela entre Canobbio e Khellven iniciou o gol de Alex Santana. Na jogada, destaque para a proteção e controle de bola de Vítor Roque.
Retirado de sua zona mais confortável, o Palmeiras reagiu mal. Tinha pouca capacidade de construir e, mesmo quando enfrentou um adversário com dez jogadores, cruzou muitas bolas sem criar situações vantajosas. Aliás, no segundo tempo o time de Abel Ferreira fez 25 de seus 32 cruzamentos no jogo. As chances reais foram raríssimas.
Abel ainda tentou alternativas. Primeiro, usou Bruno Tabata como alternativa a Veiga, lesionado. Depois, colocou Wesley no lugar de López e devolveu Rony ao centro do ataque, antes de trocar Rony por Navarro e Zé Rafael por Atuesta. As trocas apenas reforçam a discussão sobre o elenco num jogo em que nenhum dos substitutos elevou o nível.
A esta altura, o Athletico já recorria a todos os recursos para fazer passar o tempo. Ainda assim, teve num contra-ataque a chance de ampliar. Vai para São Paulo com uma vantagem importante, mas muito distante de ser definitiva.
Fonte: ge