Milhares de turistas visitam o local anualmente e o Governo de Rondônia tem promovido incentivos de visitas ao Forte
Considerado a maior edificação militar portuguesa construída fora da Europa, durante o período do Brasil Colonial, o Real Forte Príncipe da Beira, próximo ao rio Guaporé, teve sua construção em 1775 e está localizado no município de Costa Marques, distante 730 km da capital Porto Velho. Destacado como imponente e importante obra da engenharia militar portuguesa, é considerado Patrimônio Nacional e o monumento mais antigo do Estado de Rondônia.
Durante o século XVIII, sua localização foi considerada como uma posição estratégica, o lendário Forte Príncipe da Beira serviu para manter o domínio português no Oeste amazônico.
Atualmente o local é visitado por diversos turistas que buscam contemplar a maior fortificação das Américas.
Para fortalecer a visitação neste lugar, o Governo de Rondônia, por meio da Superintendência Estadual de Turismo (Setur), tem feito promoções turísticas, entre eles: o Projeto de Familiarização Turística (Famtour), Centro de Atendimento ao Turista, além de trabalhar com o desenvolvimento do eixo educativo, levando estudantes da Rede Estadual de Ensino a ter um sentimento de pertencimento da nossa história e cultura do Estado.
Desde 2019, o Estado vem trabalhando em prol do fortalecimento turístico, promovendo ações por todas as regiões de Rondônia para que mais atividades sejam realizadas, havendo um aquecimento da economia e que mais pessoas possam conhecer os inúmeros atrativos que são oferecidos.
O gestor da Superintendência Estadual de Turismo (Setur), Gilvan Pereira Júnior, salienta que falar sobre o Forte Príncipe da Beira é importante para o turismo rondoniense e para a cultura.
“Sabemos que em grande parte do século XVIII, o Forte foi considerado estratégico e serviu para manter o domínio português no Oeste amazônico. Hoje conseguimos manter a história e fortalecer o turismo nesta região tão importante do nosso Estado”, declara Gilvan Pereira.
Gilvan Pereira ressalta que o Forte é para Rondônia um ícone do turismo, apresentando a história e a cultura, “sendo importante pela sua localização, paralelo ao Rio Guaporé, que possui uma estrutura de engenharia militar portuguesa, sendo considerado um patrimônio nacional e o monumento mais antigo do Estado”.
HISTÓRICO
De acordo com o historiador Lourismar Barroso, em seu artigo “Real Forte Príncipe da Beira: ocupação oeste da capitania do Mato Grosso e seu processo construtivo (1775-1883)”, um ano após terem sido iniciadas as obras de construção da fortaleza, em 19 de abril de 1775, o Governo de Mato Grosso resolve em 20 de junho de 1776, lançar a Pedra Fundamental de um monumento de magnitude, localizado na fronteira Oeste de Mato Grosso, hoje atual Estado de Rondônia.
O Real Forte Príncipe da Beira tem uma dimensão de 970 metros de perímetros, com quatro baluartes, cada um equipado para receber 14 canhões, suas muralhas laterais medem 7,20 metros de altura, seu portal mede 10 metros. Em seu interior haviam 15 residências para abrigar os militares que compunham sua guarda e um fosso interno que serviria de cisterna para abastecer sua população.
Durante oito longos e sofridos anos, cerca de 200 operários especializados, centenas de índios e aproximadamente mil escravos negros, trabalharam duro à mercê das vicissitudes de uma inóspita região, onde as doenças tropicais eram uma peculiaridade, como por exemplo, a malária.
O monumento foi construído para proteger a região contra a ganância dos países andinos pela existência de ouro comprovada no século XVIII. Com a força e o poder humano que se fizeram presentes, o Real Forte Príncipe da Beira ainda possui sua relevância, com a comunidade que reside próximo e pelos visitantes que vão ao local durante todos os meses do ano.
A construção custou aproximadamente 48 mil contos de réis que representava uma iniciativa da coroa portuguesa e da política do Marquês de Pombal, poderoso e influente ministro do governo de Dom José I, Rei de Portugal, para proteger as fronteiras do Centro-Oeste do Brasil nas disputas com a Espanha.
Com a Proclamação da República, em 1889, ficou durante muito tempo abandonado. Em 1950, foi tombado pelo então Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e faz parte do Conjunto de Fortificações a candidatura a Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
Conforme citado ainda no artigo do historiador, o primeiro engenheiro da obra foi Domingo Sambucete, natural de Davagna, perto de Gênova (Itália). Sambuceti teve sua contribuição na engenharia militar na Amazônia entre os anos de 1756 a 1777.
Com a experiência adquirida, em 1770 a corte portuguesa lhe confiou algumas obras de certo valor artístico na “cidade imperial” de Alcântara do Maranhão.
O jovem engenheiro ganhou admiração do 4º Governador do Mato Grosso, Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres que o convidou para atuar no Mato Grosso entre 1772 e 1777, em diversos projetos de avaliação do terreno e de estudos de fortificações e, finalmente, vindo a ser diretor do projeto e construção do Real Forte Príncipe da Beira (1775–1783). Sambuceti chega em 6 de janeiro de 1772 cumprindo seis meses de viagem, da foz do Rio Amazonas ao Rio Guaporé.
A conclusão da construção aconteceu em 31 de agosto de 1783, sendo a maior fortificação militar construída por portugueses fora do continente europeu e a maior das Américas. Essa obra arquitetônica militar teve a participação de negros, índios e militares portugueses.
Com o surgimento da República em 1889, os últimos militares que resguardavam a fortaleza foram retirados, abrindo espaço para “os bolivianos da fronteira atravessarem o rio Guaporé e saquear a fortaleza”.
Num período de 50 anos, o Real Forte ficou totalmente esquecido na região de fronteira, até ser “descoberto” em 1913 pelo almirante José Carlos de Carvalho em uma de suas missões pela região da Amazônia e em 1917 pela Inspeção de Fronteira comandada pelo Marechal Rondon, conforme registro encontrado em sua caderneta de bolso e oficialmente sob os cuidados do exército brasileiro como Fé de Ofício.
Tão logo foi encontrado, Rondon coordenou a limpeza do local em 24 de abril de 1930, e em 1932 o Exército Brasileiro criou o Primeiro Pelotão Especial de Fronteira (PEF). Em agosto de 1950, o Real Forte Príncipe da Beira foi tombado como patrimônio histórico pelo Instituto de Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan), sob o registro Nº 395, sendo o exército seu guardião e que o conserva até os dias atuais.