Pesquisa da Unir mostra que o valor do alimento segue em disparada desde março de 2021. Mudanças climáticas dos principais produtores do país é um dos fatores do aumento.

A mais recente pesquisa do Programa de Educação Tutorial (PET) do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Rondônia (Unir) revelou que o preço do tomate subiu 117% entre março de 2021 e março de 2022 em Porto Velho.

Somente em março deste ano, o aumento foi de 25% em relação a fevereiro de 2022.

Para tentar entender o que está provocando esse aumento e se o preço vai continuar subindo, o g1 conversou com um pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e com um pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP).

Por que o preço subiu?

 

De acordo com o pesquisador da Embrapa, Vicente Godinho, um dos principais motivos pelo aumento do preço está relacionado ao clima.

As severas mudanças climáticas nas principais regiões produtoras do país, como São Paulo, Paraná e Minas Gerais, provocaram a alta no preço do alimento.

“A região produtora de legumes e verduras tiveram um problema seríssimo quanto ao clima este ano e isso acabou comprometendo a produção deles e consequentemente o preço”, explicou.

Preço do tomate — Foto: Divulgação/Seappa-RJ

Preço do tomate — Foto: Divulgação/Seappa-RJ

O pesquisador João Paulo Deleo, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP) explicou que as chuvas intensas e a combinação do calor intenso, geraram perdas nas plantações, afetando os produtores.

Além do clima, outro fator que favorece o aumento no preço é a insuficiência na produção local. De acordo com Vicente, Vilhena, no Cone Sul do estado, é um dos principais produtores do alimento, mas, com a incidência de pragas, alguns agricultores deixaram a produção de lado.

Para atender a demanda, alguns produtores de Vilhena decidiram criar câmaras frias, para receber o alimento e distribuir para o estado.

“O cara compra na Ceagesp (SP), bota na câmara fria e aquilo vira uma central de distribuição”, explicou.

Como Rondônia não é auto suficiente na produção do alimento e com a diminuição na oferta nos principais centros, o preço acabou encarecendo. Abaixo, veja um resumo dos principais fatores que colaboraram com o aumento no preço do tomate:

  • Mudanças climáticas nas principais regiões produtoras do país;
  • Insuficiência na produção local;
  • Incidência de pragas em Rondônia;
  • Diminuição da oferta nos principais centros.

 

Quando o preço vai diminuir?

 

A redução no preço do alimento vai depender do clima nos próximos meses. Segundo o pesquisador do Cepea-Esalq/USP, o valor do tomate deve continuar alto em abril, já que não se espera um aumento muito expressivo das safras.

“Os preços tendem a recuar entre julho e setembro, à medida que a safra de inverno avança. Porém, tomate a gente nunca tem certeza. É uma hortaliça muito sensível à temperatura e por isso, não é incomum oscilações de preços em períodos muito curtos”, explica o pesquisador.